Especialista explica motivos pelos quais pastor de Goiânia usa peruca e calcinha

Prática refere-se ao ato de usar roupas tradicionalmente associadas ao gênero oposto

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
pastor
Imagem mostra pastor Eduardo Costa, em Goiânia. (Foto: Reprodução)

Flagrado usando calcinha, peruca loira e um microshort nas ruas de Goiânia no dia 12 de agosto, o caso do pastor Eduardo Costa tem ganhado novos desdobramentos e aguçado a curiosidade dos internautas, que buscam entender os fatores relacionados a comportamentos como o do religioso, que alegou estar fazendo uma investigação.

Para entender um pouco mais sobre o assunto, o Portal 6 conversou com o atual presidente da Comissão de Gênero e Diversidade do Conselho Regional de Psicologia de Goiás, Bruno Ferreira, que salientou que a prática se enquadra no chamado cross-dressing.

presidente da Comissão de Gênero e Diversidade do Conselho Regional de Psicologia de Goiás, Bruno Ferreira. (Foto: Arquivo Pessoal)

Também chamado de travestismo, a prática refere-se ao ato de usar roupas tradicionalmente associadas ao gênero oposto, seja por homens ou mulheres, por diversas razões.

A ação não necessariamente reflete a orientação sexual – forma como a pessoa sente atração, desejo sexual e/ou romântico pelo gênero oposto, pelo mesmo gênero, por ambos ou por nenhum.

“Por várias questões, a gente não considera isso um transtorno. Essa pessoa se expressa por meio da vestimenta e não é necessariamente homossexual por estar vestindo uma roupa do sexo oposto”, explica.

Ele salienta que são comuns os casos de homens heterossexuais que apenas se sentem bem ao se vestirem de mulher. Para Bruno, a situação também pode ser dividida em dois aspectos.

De um lado, aqueles que sentem prazer sexual e, por isso, utilizam as vestimentas, enquanto outros apenas as usam por se sentirem bem, sem que isso interfira na identidade de gênero.

“A gente tem também casos de pessoas que sentem prazer, e existe uma parte do cross-dressing em que a pessoa sente prazer sexual por estar vestida de mulher, para se masturbar ou ter relações. Isso vale tanto para heterossexuais quanto para homossexuais, enquanto outros apenas se sentem bem com a roupa, mas sem conotação sexual”, salienta.

Bruno destaca que o comportamento não é oriundo de traumas e pode surgir por várias causas e em quaisquer momentos da vida, inclusive na infância, podendo desaparecer em seguida.

Combate ao preconceito

Para Bruno, o principal problema que esses grupos enfrentam é o preconceito, em meio a sociedade, definida por ele como sendo conservadora e muito convencional.

“A cultura influencia, e hoje a gente se veste como a cultura nos impõe. Existem expressões de gênero que tentam fugir disso. A maioria das pessoas que praticam cross-dressing evitam sair de casa por conta dos preconceitos, e é comum que se vistam apenas dentro de casa, sem contar para outras pessoas. A gente deveria se vestir da forma que nos sentimos melhor. No Brasil, temos alguns grupos de cross-dressing, e eles fazem eventos em momentos mais seguros, sem esse medo do preconceito”, finaliza.

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Gabriella Pinheiro

Gabriella Pinheiro

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, está sempre atenta aos temas que impactam o dia a dia da população. Começou como estagiária no Portal 6 e, com dedicação e olhar apurado, chegou à editoria. Tem interesse especial na prestação de serviços, mas não dispensa uma boa reportagem ou uma história bem contada.

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