A palavra mais complexa da língua portuguesa que conta com mais de 50 significados
Um termo comum que revela a criatividade e o dinamismo do nosso idioma

Há séculos, linguistas tentam decifrar o que faz a língua portuguesa ser tão elástica. Desde os primeiros registros textuais no século XII, grande parte de sua força expressiva vem da habilidade de adaptar palavras a situações novas, quase como um organismo vivo que aprende com o tempo. Dentro desse processo, alguns termos se transformaram em verdadeiras chaves multifuncionais — e poucos ilustram isso tão bem quanto a palavra “ponto”.
Segundo o Dicionário Houaiss e plataformas como o Priberam e o Michaelis, “ponto” reúne 51 significados distintos, tornando-se uma das palavras mais polissêmicas do português contemporâneo. A origem é modesta: vem do latim punctum, que significa “marca”. Mas, ao longo dos séculos, o termo se espalhou por áreas tão diversas que virou um pequeno fenômeno linguístico.
A palavra mais complexa da língua portuguesa que conta com mais de 50 significados
O Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) explica que palavras assim ganham múltiplos sentidos a partir do uso social — ou seja, quanto mais a sociedade evolui, mais funções elas acumulam. No caso de “ponto”, esse caminho é evidente. Na gramática, indica sinais de pontuação. Na matemática, representa uma posição sem dimensão. Na geometria, marca interseções. Na costura, estrutura tecidos. Na música, prolonga notas. Na medicina, fecha feridas. Na tecnologia, virou símbolo da própria internet, presente em endereços eletrônicos.
E o cotidiano amplia ainda mais essa versatilidade. Segundo o Portal da Língua Portuguesa, expressões como “estar no ponto” (momento ideal), “ponto de ônibus” (local específico), “ponto de encontro” (reunião), “ponto turístico” (atração) e “bater ponto” (registrar jornada de trabalho) mostram como o termo se moldou à vida urbana e às necessidades comunicativas de diferentes épocas.
A polissemia — fenômeno estudado por linguistas do Museu da Língua Portuguesa e do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp — não é exclusividade de “ponto”. Palavras como “banco” (assento ou instituição financeira) e “manga” (fruta ou parte da roupa) também são citadas como exemplos clássicos. Mas a quantidade extraordinária de sentidos de “ponto” faz com que ela, mais do que uma palavra, pareça um mapa do dinamismo cultural brasileiro.
No fim, é essa capacidade de multiplicar significados que transforma o português em um idioma pulsante. “Ponto” não apenas nomeia coisas: costura ideias, liga contextos e testemunha, com mais de 50 sentidos, a criatividade de quem o fala.
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