Quem tem algum desses sobrenomes pode ter o direito de morar na Europa
Curiosidades sobre direitos de cidadania que passam despercebidos
Quando se fala em Europa, muita gente pensa em turismo, castelos medievais e cafés charmosos.
Mas, para milhões de brasileiros, o continente pode significar algo ainda mais surpreendente: a possibilidade real de morar lá graças a um detalhe que passa de geração em geração — o sobrenome.
A relação do Brasil com a imigração europeia atravessa séculos. Entre o final do século 19 e início do 20, navios vindos da Itália, Alemanha, Portugal e Espanha desembarcaram milhares de famílias em portos como Santos e Rio de Janeiro.
Quem tem algum desses sobrenomes pode ter o direito de morar na Europa
Segundo o IBGE, o fluxo italiano, por exemplo, transformou São Paulo no maior centro de descendentes da Itália fora da própria Itália. Foi ali que sobrenomes como Rossi, Bianchi, Mancini, Conti e tantos outros ganharam sotaque brasileiro sem abandonar suas raízes.
É justamente nessas raízes que mora a possibilidade de um passaporte europeu.
Segundo o Ministério do Interior da Itália, o país reconhece a cidadania por jus sanguinis, isto é, por sangue, sem limite de gerações — desde que o vínculo familiar seja comprovado.
A condição muda apenas em um ponto: mulheres que tiveram filhos antes de 1948 exigem um processo específico, conforme decisões da Corte Constitucional italiana citadas pelo portal institucional da Farnesina.
Portugal segue lógica semelhante. De acordo com o Portal do Governo Português, descendentes de portugueses podem solicitar cidadania se comprovarem a ascendência direta, e sobrenomes tradicionais como Ferreira, Silva, Costa, Araújo e Martins frequentemente aparecem entre os solicitantes.
Diferente da Itália, porém, a legislação portuguesa exige documentos adicionais que demonstrem laços objetivos com a comunidade lusa, como determina a Lei da Nacionalidade.
A Espanha adota outro caminho. Segundo o Ministério da Justiça espanhol, pedidos por descendência são possíveis, mas bem mais restritos — geralmente até filhos e netos.
Um detalhe importante apareceu em 2022, quando entrou em vigor a chamada Lei da Memória Democrática, citada amplamente por jornais espanhóis como o El País. Ela permitiu que netos de exilados da ditadura franquista requisitassem cidadania, ampliando temporariamente o escopo para sobrenomes típicos como García, Álvarez, Ramírez ou Pérez.
Já a Alemanha tem regras próprias. Segundo o Auswärtiges Amt (Ministério das Relações Exteriores da Alemanha), descendentes de alemães podem solicitar o reconhecimento, especialmente no caso de famílias que emigraram antes de 1914.
Sobrenomes como Müller, Schneider, Weber e Hoffmann aparecem com frequência nesses processos.
No fim das contas, mais do que um nome bonito no RG, o sobrenome pode abrir portas que muitos nem imaginam. E, entre arquivos antigos, certidões amareladas e histórias de avós, pode estar escondido um passaporte para um novo capítulo do outro lado do Atlântico.
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