Governo corta o acesso de 60 mil pessoas a plataforma que monitorava os brasileiros em tempo real
Bloqueio atinge usuários inativos e ocorre após suspeitas de uso irregular do sistema nacional de inteligência

O governo federal bloqueou o acesso de cerca de 60 mil usuários à plataforma Córtex, sistema utilizado por órgãos de segurança pública para cruzar dados e apoiar investigações em todo o país. A decisão foi tomada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, após uma ampla revisão interna.
Segundo a pasta, a maioria das contas suspensas estava inativa há mais de 90 dias ou não possuía vínculo atualizado com forças de segurança. Após o corte, cerca de 38 mil usuários seguem com acesso ativo ao sistema.
A plataforma Córtex integra diferentes bases de dados oficiais e permite consultas que auxiliam investigações policiais, como informações sobre veículos, registros públicos e dados de circulação. Por isso, o sistema ficou conhecido por permitir monitoramento e cruzamento de informações em tempo quase real, o que sempre gerou debate sobre privacidade.
O bloqueio ocorreu em meio a apurações internas e investigações da Polícia Federal. Um dos episódios que levantou alerta envolveu o uso do sistema para consultas em massa de CPFs, considerado atípico e potencialmente irregular pelas autoridades.
O Ministério da Justiça afirma que o Córtex não realiza vigilância direta da população, nem utiliza reconhecimento facial ou escutas. Ainda assim, o governo reconheceu a necessidade de reforçar o controle de acessos, auditorias e rastreabilidade das consultas feitas dentro da plataforma.
Além do corte de usuários, o governo estuda modernizar ou substituir o sistema por uma nova estrutura baseada em tecnologias de big data, com regras mais rígidas de governança e transparência no uso de dados sensíveis.
A medida reacendeu o debate sobre os limites do uso de tecnologia pelo Estado, especialmente quando envolve informações pessoais de milhões de brasileiros. Especialistas em direito digital defendem que sistemas desse tipo só funcionem com critérios claros, fiscalização constante e responsabilização em caso de abuso.
Com o bloqueio, o governo afirma buscar mais controle e segurança no uso da plataforma, enquanto as investigações seguem para apurar eventuais irregularidades no acesso e na utilização do sistema nos últimos anos.
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