Segunda parcela do 13º do INSS começa a ser paga; veja o que fazer com o dinheiro

Primeira parte foi paga entre maio e o começo de junho

Folhapress Folhapress -
Segunda parcela do 13º do INSS começa a ser paga; veja o que fazer com o dinheiro
Imagem de contagem de dinheiro (Foto: Reprodução)

Laíssa Barros, de SP  – “Não tenho como guardar, vou ter que usar o dinheiro para pagar dívidas e contas. Ainda mais agora, na pandemia, com os preços lá no alto, não vou conseguir poupar. A segunda parcela do 13º vai entrar e sair rapidinho da minha conta, assim como foi a primeira”, conta o aposentado José Santana Oliveira.

O aposentado é um dos cerca de 31 milhões de beneficiários que receberão o depósito da segunda parte do 13º a partir desta quinta-feira (24). Neste ano, os pagamentos dos aposentados e pensionistas foram antecipados por conta da crise econômica causada pela Covid-19. Os depósitos começam pelos segurados que recebem o salário mínimo. A primeira parte foi paga entre maio e o começo de junho.

Assim como Oliveira, muitos segurados usarão o dinheiro para pagar dívidas e contas, porém, diante do pagamento adicional, especialistas acreditam que é importante pensar muito bem antes de gastar o dinheiro, até mesmo se a grana for pagar valores em débito. Eles ressaltam que é interessante cogitar na possibilidade de guardar ou investir, se possível.

Reservar ou pagar contas

Segundo o coordenador do Instituto de Finanças da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Ahmed Sameeer El Khatib, a antecipação não deve ser encarada como uma renda extra.

“Em primeiro lugar, aconselho não fazer novas dívidas com esse dinheiro. A antecipação do 13º não deve ser usada exclusivamente para o pagamento de dívidas. É importante lembrar que, em tempos de pandemia, inúmeros contratempos podem acontecer, como problemas de saúde, manutenção da casa e outras necessidades financeiras que devem demandar uma despesa inesperada no orçamento doméstico. E esse pode ser destino desse dinheiro extra”, diz.

O especialista lembra que é importante usar parte desse recurso para criar um fundo de despesas emergenciais para evitar surpresas no final do ano, quando, normalmente, o 13º deveria compor a renda do aposentado e pensionista.

O aposentado Antônio Carlos Aparecido diz que até gostaria de seguir as dicas do especialista e afirma que aconselha muitos amigos a fazer o mesmo, porém, neste ano, o dinheiro do pagamento já tem destino certo: a quitação de uma dívida.

“Quando fiquei sabendo da antecipação do pagamento, criei uma estratégia e pensei em usá-lo para pagar um débito em aberto que tenho com o meu banco. Como vou conseguir pagar à vista, eles vão me dar um belo desconto e, finalmente, conseguirei tirar o nome do vermelho”, afirma ele.

De acordo com Cintia Senna, educadora financeira na DSOP Educação Financeira, a ideia de Aparecido é uma boa saída, pois parte do princípio de que a conta será terminada. Porém, ela desaconselha a usar a grana pra pagar apenas uma parcela ou uma conta mensal.

“Nesses casos, é mais interessante guardar o dinheiro e ir juntando com outros extras. Se tiver com o nome inadimplente e o dinheiro for liquidar o débito, pague. No entanto, se isso não for possível, é melhor guardar o valor e continuar juntando para conseguir pagar a dívida à vista e com descontos”, aconselha a educadora.

Investir

Já para os aposentados que têm condições de usar a antecipação para investir, Cintia recomenda que a pessoa identifique seu perfil investidor e saiba o que quer fazer com o dinheiro aplicado. Segundo ela, isso ajudará a pessoa a escolher o tipo de aplicação que faz mais sentido para sua vida para usar o recurso de forma mais eficiente.

“Para quem quer investir o dinheiro em produtos financeiros com bom nível de segurança e que podem ser resgatados a qualquer momento, acredito que as melhores as opções de investimento são a poupança, as aplicações em CDBs, o Tesouro Selic e fundos de investimentos com modalidade diário.”

“Já para quem pretende investir com a finalidade de comprar algo caro, viajar ou fazer um curso, ou seja, aqueles que podem esperar e não precisam resgatar o dinheiro a qualquer momento, os melhores investimentos são: CDBs com prazos, Tesouro Direto, IPCA e fundos de investimentos”, afirma a educadora.

Educação financeira

Cintia destaca a importância de buscar conhecimento financeiro. “Procure seu gerente, um educador financeiro ou um agente de investimentos de confiança para conversar e entender qual o seu objetivo, o tempo que tem disponível e as opções para o que você quer. Depois de ouvir conselhos e dicas, estruture o melhor para você. Busque aprender e conhecer sobre investimentos e, assim, ter autonomia para investir, pagar dívidas ou gastar com consciência”, lembra ela.

Esse é o caso do aposentado Roberto Batista de Souza, que irá guardar seu dinheiro e colocá-lo em investimentos de longo prazo. Ele atribui essa escolha ao seus estudos sobre planejamento financeiro e diz que isso sempre fez parte de sua vida.

“Acredito que essa minha atitude vem do fato de eu estudar sobre investimentos e formas de usar o dinheiro, mas sei que nem todos têm essa possibilidade”, ressalta o aposentado.

“Porém, quem tem deveria pensar bem e ir atrás de conhecimento financeiro. Nunca gastei mais do que ganhava e não iria ser agora, na aposentadoria, que eu faria isso, ainda mais com um dinheiro extra como o 13º. Vou investir e, quem sabe, quando a pandemia acabar, eu possa viajar com a minha esposa sem a preocupação de pesar no bolso”, conta.

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