Operação resgata mais de 50 trabalhadores vivendo em condições subumanas e de escravidão em Goiás
Em um dos alojamentos tinha até agrotóxicos e vítimas estavam em três cidades diferentes
Uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou 55 trabalhadores que se encontravam em condições análogas à escravidão em Goiás.
O resultado da ação foi divulgado nesta quinta-feira (04) e os resgates ocorreram durante os últimos dias de outubro, quando várias denúncias foram apuradas por todo o estado.
Ao todo, foram confirmadas pessoas vivendo em condições subumanas em quatro locais, em três municípios diferentes.
Arenópolis
No pequeno município de Arenópolis, que conta com uma população aproximada de 2.536 habitantes – segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – foram resgatados 11 trabalhadores.
Eles haviam sido contratados irregularmente no estado da Bahia e empregados em atividades de roçagem de pastos numa fazenda de criação de gado.
Além das condições perigosas de trabalho, apenas uma lona plástica havia sido disponibilizada para o ambiente de repouso.
Nova Crixás
Em Nova Crixás, a situação foi ainda mais crítica. Isso porque os agentes identificaram duas fazendas diferentes com condições análogas à escravidão.
Em uma delas, cinco trabalhadores laboravam em condições de risco grave e iminente, realizando atividades de produção de ração para gado.
Eles estavam alojados em condições muito precárias, dormindo em pedaços de espumas velhas e em cômodos sem nenhuma ventilação.
Na outra propriedade, seis pessoas foram retiradas de um galpão velho, que o fazendeiro usava como oficina e depósito de máquinas e outros materiais, inclusive agrotóxicos.
Pontalina
O terceiro município goiano visitado pela força-tarefa foi Pontalina, que hospedava o maior número de irregularidades.
Foram encontrados 33 trabalhadores migrantes, contratados irregularmente em municípios do interior de São Paulo para realizar a colheita de laranja em uma fazenda da região.
Eles dormiam em alojamentos repletos de colchões velhos e com pia e tanque de lavar entupidos.
Consequências
Além do valor das multas rescisórias, os empregadores foram instados a pagar por danos morais coletivo e individual.
Alguns aceitaram assinar o acordo e realizar o pagamento. Os demais, por outro lado, recusaram e serão acionados em Ação Civil Pública junto à Justiça do Trabalho.
Todos os 55 resgatados serão contemplados também com seguro-desemprego, conforme assegurado por Lei, e com a ajuda de custo – paga pelos próprios infratores – para voltar aos estados de origem.