Shows começam a ser cancelados em Goiás como medida de segurança contra a variante Ômicron
Produtores avaliam a medida como precipitada e apontam incoerência das prefeituras que proíbem eventos públicos, mas fecham os olhos para os privados
Após as prefeituras de cidades turísticas de Goiás – como Caldas Novas, Pirenópolis, Alto Paraíso – cancelarem a festa de ano novo, outros eventos correm perigo de também serem suspensos.
A medida seria uma forma de garantir a segurança da população dos municípios, tendo em vista o surgimento da variante Ômicron, que deixa autoridades de saúde em alerta no estado.
Dentre as primeiras cidades que cancelaram grandes shows está Catalão. No dia 18 de fevereiro seria realizado um espetáculo que reuniria as duplas Zé Neto & Cristiano e Luiza & Maurílio no Parque de Exposições da localidade.
O município de Nova Glória, localizada no Norte de Goiás, também cancelou a 38ª edição do Festival Regional de Folia de Reis, agendado para ocorrer entre os dias 13 e 15 de janeiro.
Já a produtora Nobel teve que cancelar o show em Anápolis que substituiria o de Marília Mendonça, marcado para o dia 17 de dezembro.
Embora o evento original tenha sido descontinuado por uma fatalidade e não por restrições devido à nova cepa de Covid-19, os organizadores não conseguiram encaixar nenhum artista no lugar.
Além das restrições na virada do ano, o Carnaval 2022 está em xeque no estado de Goiás. Goianésia, localizada no Norte Goiano, foi um dos municípios que já anunciaram a suspensão da festividade para o ano que vem.
Precipitação
O Portal 6 entrou em contato com Werlan Moura, produtor de eventos em Anápolis, para fazer uma radiografia do setor diante do cenário atual.
Werlan compartilha do sentimento dos profissionais do ramo, enxergando a decisão dos municípios como precipitada.
“Até o momento essa cepa não teve nenhuma morte confirmada e já tem profissionais que falam que as vacinas de Covid-19 funcionam contra ela. Ainda tem que ver o que vai acontecer”.
O produtor de eventos explicou também que se cria um problema muito sério de logística quando as apresentações são interrompidas desta forma, especialmente no final de ano.
“É muito difícil para um artista remarcar, pois isso [o agendamento do show] é feito com muita antecedência. Ele [artista] acaba ficando totalmente parado”.
Werlan argumentou que, ao cancelar uma programação de médio porte, por exemplo, já são dezenas de profissionais que ficam sem sustento, o que acaba gerando um impacto nas famílias e na economia local.
Ele ainda apontou que há uma incoerência na atitude das prefeituras. “Enquanto os eventos públicos são cancelados, os privados seguem funcionando a todo vapor.”
Posicionamento nacional
A Associação Brasileira de Produtores de Evento (Abrape) divulgou uma carta aberta na última quarta-feira (1º), se manifestando contra o que ela classifica como decisões “monocráticas e populistas”, ao se referir aos cancelamentos.
A nota se apoia nos índices de imunização contra a Covid-19 para exigir uma avaliação com critérios objetivos sobre a necessidade de suspensão dos shows.
“Há centenas de eventos de cultura e entretenimento acontecendo no país, todos os dias, respeitando os protocolos sanitários e, ainda assim, os indicadores epidemiológicos continuam caindo!”, aponta o documento.
Por fim, a Abrape afirmou acreditar na sensibilidade dos poderes públicos, “para que não tomem decisões
precipitadas que atrasem a retomada em andamento”.