Falta de salário e incentivo para atletas femininas escancaram desigualdade no futebol em Goiás
Jogadoras buscam segundo emprego ou apoio de familiares para se manterem firmes no sonho
Quando o assunto é futebol, a realidade entre homens e mulheres que buscam se profissionalizar em Goiás está longe de ser igualitária. Ao contrário dos times masculinos, as atletas ainda enfrentam grandes dificuldades para conseguirem se manter firmes no sonho.
Um dos principais pontos de desigualdades que as equipes compostas apenas por jogadoras lidam é a falta de incentivos financeiros. A justificativa é que os torneios femininos não são remunerados, isentando os clubes da ‘legalidade’ de recompensar as atletas. Já o mesmo, não ocorre nas competições masculinas.
O Vila Nova/Universo, de Goiânia, é uma das equipes que trabalha com essa distinção.
Ao Portal 6, o treinador do time, Robson Freitas, explica que apenas 12 das 26 jogadoras recebem um auxílio que varia de $ 500 a R$ 800 mensais, dependendo do desempenho da atleta.
Algumas podem ainda ser beneficiadas com bolsas estudantis para estudar na faculdade Universo Salgado de Oliveira – não sendo incluso alojamentos.
Pela falta de subsídios, grande parte das atletas ainda necessita do apoio familiar e um segundo emprego para continuar com os treinos. Como é o caso da jovem Isabelly Eduarda, de 19 anos.
A menina morava em Uberlândia (MG), mas decidiu mudar para Goiânia, em julho, após conseguir uma vaga no time feminino no Vila Nova/ Universo.
Apesar da conquista, ela faz parte das 14 atletas do time que nada recebe para entrar em campo. Assim, precisa da força da mãe, Gisa Brito, 43 anos, que é professora, para se manter.
“Sou eu que estou bancando tudo ainda. Ela está em busca de uma oportunidade, mas depende ainda do desenvolvimento dela para ganhar alguma renda”, conta Gisa. ‘Mas como mãe tem que manter o sonho ativo”, complementa.
Ao Portal 6, o presidente da Comissão de Direito Desportivo (CDD), Paulo Pinheiro explica que grande parte das competições femininas no estado são regidas apenas de vínculos não profissionais, ou seja, as jogadoras não recebem nenhum auxílio.
“Já que não são competições esportivas remuneradas, o clube pede vínculo de trabalho não profissional e não é obrigado pela lei pagar uma remuneração para a atleta”, diz.
O método vai na contramão da maioria dos times masculinos em que os homens já assinam um contrato com a equipe e passa a receber por isso.
“Esses atletas participam de jogos que envolvam prêmios e, assim, eles acabam sendo remunerados”, afirma.