Vice de Tebet, Mara Gabrilli defende parlamentarismo e nega fracasso do PSDB

Apesar disso, a chapa da candidata defende o que chamaram de "presidencialismo de conciliação"

Folhapress Folhapress -
Senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata à Presidência da República. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

DANIELA ARCANJO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A candidata à Vice-Presidência Mara Gabrilli (PSDB) defendeu o parlamentarismo como sistema de governo em entrevista ao UOL e à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (26). A senadora, que está na chapa da candidata à Presidência Simone Tebet (MDB), participou da primeira sabatina com vices promovida pelos veículos nesta semana.

A entrevista foi conduzida por Kennedy Alencar e pelos jornalistas Leonardo Sakamoto, do UOL, e Fernanda Mena, da Folha de S.Paulo.

De acordo com o Datafolha divulgado na última quinta-feira (22), Simone é a preferência de 5% da população e ocupa o 4º lugar, em um cenário estável desde o final de agosto.

“Eu defendo o parlamentarismo porque eu acho que a gente conseguiria governar com muito mais facilidade”, afirmou. Mara comentava o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, ao qual foi favorável. Na época, ela era deputada federal por São Paulo.

Apesar disso, a chapa da candidata defende o que chamaram de “presidencialismo de conciliação”. “Para isso, a gente precisa de diálogo, coisa que tem faltado muito no Congresso”, afirmou.

As emendas do relator, que ganharam força nos últimos anos refletindo a busca do presidente por apoio no Congresso, foram criticadas por Mara. Ela usou a ferramenta na pandemia.

“Eu nunca trabalhei de forma secreta, eu sempre tive total transparência na hora de destinar emendas”, afirma ela.

Os seus recursos, diz, foram colocados em hospitais no momento de crise sanitária. “Os valores foram tomando um tamanho gigante e os parlamentares não precisavam dizer onde colocavam, então tomou essa alcunha de orçamento secreto.”

Se eleita, Simone pode mudar o manejo desse recurso, segundo a candidata.

Pela primeira vez desde a redemocratização, o PSDB não está na cabeça de chapa em uma eleição presidencial, o que “não é um fracasso” para a tucana.

“Todos os partidos tem as suas crises”, afirmou, ressaltando que, apesar disso, está em uma chapa totalmente feminina. “A gente perde de um lado, mas ganha do outro.”

Acabar com a violência contra as mulheres é uma das prioridades da plataforma de governo que defende, ao lado da inclusão de outros grupos, como idosos, indígenas e pessoas com deficiência.

A senadora é tetraplégica há 28 anos e iniciou a sua carreira política na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, em 2005. A pauta da inclusão deve ser transversal, segundo ela, e não é necessário criar um ministério específico.

“A maioria da população não tem todas as oportunidades que eu tive, nem perto disso. Uma das propostas no plano de governo é criar uma política de cuidados no Brasil”, afirma. “Se eu não tivesse a possibilidade de ter uma cuidadora, eu jamais estaria aqui.”

Questionada sobre o trabalho da primeira-dama Michelle Bolsonaro pelas pessoas com deficiência, teria faltado “profundidade técnica”. “Nessas políticas que a Michelle se envolveu, a gente, infelizmente, teve muito retrocesso”, afirma.

Em relação a eventuais apoios aos concorrentes Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a candidata afirmou que nenhum dos dois tem o seu voto.

“Por um lado a gente tem um presidente negacionista, que negou vacina no braço dos brasileiros, que desdenha a fome e desrespeita a mulher”, disse. “Por outro lado a gente tem um presidente que avassalou o Brasil com a corrupção.”

O último Datafolha aponta Lula com 47% das intenções de voto, 14 pontos acima de Bolsonaro. O número ampliou os pedidos de voto útil ao petista, em uma tentativa de vitória primeiro turno. A estratégia, segundo a candidata, seria um “desserviço”.

“Muita gente está votando com medo, não com o coração. Trabalhando pelo menos pior. Eu vejo isso com muita tristeza”, afirmou.

Mara lamentou os casos de violência política dos últimos meses e atribui responsabilidade ao presidente Bolsonaro, que estaria fomentando a discórdia e a raiva.

Em julho, um policial bolsonarista invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros o guarda municipal e militante petista Marcelo Aloizio de Arruda, em Foz do Iguaçu (PR). No início de setembro, um homem que defendia o ex-presidente Lula foi morto por um apoiador de Bolsonaro após uma discussão em Mato Grosso.

“Eu espero que não aconteça uma escalada da violência esta semana e que a gente tenha batido no teto”, afirmou.

Na quarta (28), será entrevistada Ana Paula Matos (PDT), vice de Ciro Gomes (PDT) e, na quinta (29), Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula. Braga Netto (PL), que concorre na chapa de Bolsonaro, ainda não confirmou.

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