Brinquedo criado por advogada em Anápolis quer ajudar crianças a identificar abuso sexual
Projeto Almofada Legal também vem com número de disk denúncia para vítimas procurarem ajuda
Em Anápolis, o projeto Almofada Legal chegou para conscientizar as crianças dos locais do corpo que não devem ser tocados por outras pessoas. A ideia é, por meio da conscientização, reduzir os números de abuso sexual registrados na cidade.
À frente da produção brinquedo de cunho educacional, a advogada Danielle Nava revelou ao Portal 6 que a ideia surgiu a partir de uma análise. Ela percebeu que muitos métodos já existentes não estavam surtindo o efeito necessário.
“Eu criei esta ideia a partir de inúmeros outros projetos de proteção e conscientização do abuso aos quais foi verificado que em muitos deles o público alvo [as crianças] não era atingido e sempre dependia de uma palestra ou um educador e logo esta informação se perdia”, explicou.
“Tem bonecos e até almofada com os X mas apenas para os palestrantes e não de fácil acesso as crianças ou entendimento sempre algo faltava o que perdia a informação com o adulto”, completou.
Então, percebendo a necessidade de alguma coisa que realmente pudesse ser objeto de aprendizado para as crianças, a advogada decidiu se colocar no lugar dos pequenos e das próprias mães para pensar o que seria melhor para cumprir o propósito.
“Me coloquei no lugar da criança e vi o que poderia ser fácil para entender lúdico nunca sexualizado e que também serviria como ajuda a denunciar, visto que a almofada na parte de trás tem o disk denúncia. Me coloquei no lugar de algumas mães e responsáveis que tem dificuldade de falar com a criança assim com a almofada fica muito mais fácil e a informação não fica represada para alguns mas a alcance de todos”, relatou.
Basicamente, a almofada custa um valor simbólico de R$ 10 e é confeccionada para atender crianças, pais, professores, educadores e sociedade em geral.
“É um brinquedo que ajuda as crianças a identificar e a se proteger contra o abuso, de forma simples e lúdica esta ferramenta mostra os locais onde o estranho ou até mesmo o familiar pode e não pode tocar uma criança, assim ela aprende a se proteger de abusos, ainda nesta consta o número principal de denúncia de abusos o disque 100”, exemplificou.
A advogada ainda destacou que, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado, três crianças são estupradas por dia em Goiás. Em Anápolis, levando em consideração os registros da sala de Escuta Especializada recentemente criada, a média é de cinco ocorrências diárias de abuso infantil.
Além disso, Danielle Nava reforça que “mais de 90% das ocorrências que envolve crianças são subnotificadas fica no segredo da família”.
Ao Portal 6, a Psicopedagoga e Psicanalista, Deniza Leitte, justificou que a prevenção é de extrema importância principalmente quando se leva em consideração as graves consequências que o abuso sexual causa na vida dos pequenos posteriormente.
“Uma criança que sofre abuso sexual acaba tendo o desenvolvimento do cérebro modificado e as repercussões desse trauma serão intensas e duradouras – podem apresentar estresse pós-traumático, dificuldades na regulação emocional, concepções distorcidas do abuso e dificuldades em desenvolverem relacionamentos”, pontuou.