Desmatamento do Cerrado em Goiás aumenta quase 70%; veja cidades com mais alertas de destruição
Pesquisa revela dados de fevereiro de 2023 comparado com mesmo período do ano passado
Atualizada às 9h de 21 de março
Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) mostram que Goiás é o terceiro estado do país com maior índice de desmatamento do bioma durante o mês de fevereiro.
Ao todo, conforme o relatório, 10.849 hectares de vegetação nativa foram desmatados no estado somente no mês de fevereiro.
Ao estratificar o dado, levantamento mostra quais cidades mais contribuíram negativamente para esse cenário – contando com o maior número de alertas de desmatamento durante o período.
São eles: Niquelândia com 145 notificações. Logo atrás seguem Ipameri e Crixás com 80 e 55, respectivamente.
Também constam na pesquisa as cidades de Caiapônia (54), Minaçu (47), Sítio d’Abadia (44), Luziânia (43) , Formosa (39) , Água Fria de Goiás (39) e Campinaçu (35).
Os números foram divulgados na quarta-feira (15) por meio do site do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram desmatados 6.421 hectares, o número chega a representar um aumento de 69%.
Na frente de Goiás, aparecem Bahia (BA), com 22.187 hectares desmatados, e Minas Gerais (MG) – responsável pela destruição de 10.007 hectares do bioma.
Leia nota na íntegra da Semad:
Não há como falar em recorde histórico quando se comparam apenas os meses de fevereiro dos anos de 2023 e 2022;
– A plataforma SAD Cerrado utiliza algoritmos automáticos para delimitar e mensurar a quantidade de alertas de desmatamento. É importante ressaltar que, no SAD Cerrado, esses alertas não são submetidos à validação individual de um analista. Essa informação consta na página inicial do próprio sistema. Ou seja: É altamente provável que as estatísticas utilizadas pela reportagem incluam os chamados falsos alertas.
– A Semad dá preferência aos dados gerados pela plataforma Mapbiomas, por dois motivos: 1) o Mapbiomas trabalha com informações geradas por diversos repositórios, inclusive o SAD Cerrado, o que dá uma visão mais completa do cenário; 2) os dados do Mapbiomas passam por validação individual antes de serem disponibilizados. Por esse motivo, são mais fiéis à realidade.
– Dito isso, cabe dizer que o Mapbiomas apresenta números divergentes do SAD Cerrado, no que diz respeito ao desmatamento em Goiás. Informa, por exemplo, que em dezembro de 2022 a área desmatada foi de 1.076 hectares, enquanto o SAD afirma que foi de 6.593 ha. Há conflito também nos números relativos a novembro de 2022 (2,22 mil ha contra 6,59 mil ha), outubro de 2022 (1,95 mil ha contra 6,74 mil ha), setembro de 2022 (1,14 mil ha contra 3,28 mil ha) e assim sucessivamente.
– Outra hipótese que deve ser considerada, e que a reportagem não analisou, é a de que o período chuvoso e a consequente formação de nebulosidade no céu pode ter causado subnotificação em janeiro, é inclusive aconteceu no primeiro mês do ano em temporadas passadas. Por consequência, esses números são represados para o mês seguinte e criam uma falsa impressão de curva elevada em fevereiro.
– É importante ressaltar ainda a necessidade de separar supressões de vegetação autorizadas por lei de supressões não autorizadas. No dia a dia, a Semad analisa pedidos de supressão que têm previsão legal e, uma vez deferidos, acompanha o cumprimento de todos eles.
– Considerando que Goiás tem a grande maioria de suas áreas coberta pelo Bioma Cerrado e que legalmente há muitas áreas passíveis de autorização de supressão, é importante dizer que, quanto mais ágil a Semad for no cumprimento de suas diligências, maior será aumento de áreas suprimidas de maneira legal. O corte de árvores isoladas (exclusivo para áreas consolidadas/antropizadas), também representa uma forma permitida em lei de se converter áreas de pastagem em lavouras, por exemplo, e podem ser erroneamente computadas como se fossem novos desmatamentos.
– Por todas as razões expostas, o Governo de Goiás, por meio da Semad, contesta com veemência os dados publicados pelo SAD Cerrado. Não entendemos a quem esses números podem interessar, uma vez que não há confiabilidade técnica neles. Toda a situação nos causa perplexidade porque desencadeou um processo de desinformação que é nocivo, e que contamina e prejudica o trabalho realizado por pessoas sérias e comprometidas com a causa ambiental.