Morte de ciclista em Anápolis acende discussão sobre segurança nas vias públicas em Goiás

Professor especialista em logística aponta caminhos para tornar sistema de trânsito mais seguro

Augusto Araújo Augusto Araújo -
(Foto: Reprodução/Redes sociais)Morte de ciclista em Anápolis acende discussão sobre segurança nas vias públicas em Goiás
(Foto: Reprodução/Redes sociais)

A morte de Enzo Gabriel Soares Kronemberg, ciclista de 16 anos atropelado na BR-060, em Anápolis, no último domingo (11), acendeu um alerta para a população goiana.

Isso porque a pauta da segurança nas vias públicas para os usuários de bicicleta voltou à tona com força, após o trágico incidente.

Em entrevista ao Portal 6, o coordenador do curso superior de tecnologia em Logística do Instituto Federal de Goiás (IFG) em Anápolis, Alan de Freitas Oliveira, analisou que ainda falta muito a ser melhorado em Goiás.

“Nós, goianos, somos deficientes em termos de educação, respeito às normas de trânsito e aos ciclistas e em infraestrutura para trazer mais segurança”.

O professor explicou também que, para se pensar em uma engenharia de tráfego realmente eficiente, existem três pilares a serem seguidos.

O primeiro é o da engenharia, que se trata da construção das ciclovias e ciclofaixas de forma que contemple as necessidades cotidianas dos goianos.

Em seguida, vem o pilar da educação, abordando a questão do respeito às normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e garantindo que seja feito um deslocamento seguro, tanto por parte dos condutores, quanto pelos ciclistas.

“É preciso que o motorista fique atento, verifique se está acontecendo um passeio ciclístico, mantenha velocidade e distância seguras, tanto em rodovia quanto em cidades”, orientou.

Por fim, vem o pilar do esforço legal, que se trata das ações por parte dos órgãos de fiscalização para garantir que as regras do CTB estejam sendo respeitadas.

“A aplicação desses três pilares juntos, de forma coligada, é o que vai trazer mais segurança, não só para o ciclista, mas para todo o sistema de trânsito”, concluiu.

Ciclovia na Avenida Brasil Sul, em Anápolis. (Foto: Captura/ Google Street View)

Mortalidade e internações

Vale lembrar que, recentemente, Goiânia entrou em um ranking funesto, liderando a tabela de cidades com mais mortes e internações de ciclistas.

O levantamento, realizado pelo Ministério da Saúde (MS), leva em consideração municípios com mais de 1 milhão de pessoas.

Dessa forma, a capital ficou em 1º no ranking de internações, com 24,19 a cada 100 mil habitantes, e no de mortes, com 1,36 mortes por 100 mil habitantes. 

O ranqueamento também aponta que, entre 2011 e 2020, Goiânia teve a maior taxa de óbitos de ciclistas, com uma média de 1,91 para cada 100 mil habitantes.

Ciclistas pedalam em rodovia sem ciclovias. (Foto: CCR / Divulgação)

Concessionárias em Goiás

Portal 6 entrou em contato com as concessionárias Triunfo Concebra – que administra a BR-060 e a BR-153 em Goiás – e a Ecovias do Araguaia – BRs-153, 414 e 080 – que emitiram notas a respeito do que é feito para melhorar a mobilidade e garantir a segurança dos ciclistas nas rodovias goianas.

Confira:

Triunfo Concebra:

Informamos que não está previsto contratualmente obras de implantação de ciclovias nas rodovias sob concessão da Triunfo Concebra.

Adotamos várias medidas preventivas para a redução de acidentes,  com a intensificação dos serviços de conservação e operação, bem como os trabalhos de educação para o trânsito em locais estratégicos com a campanha “Consciência a Bordo” e “Tamu Junto na Estrada”.

Além de campanhas em painéis de mensagens variáveis operam 24h/dia, trazendo informações operacionais e educativas.

Mesmo com as medidas, a imprudência no trânsito é o principal fator que contribui para os acidentes na rodovia.

Instruímos os ciclistas não utilizarem a rodovia para a prática desta atividade, pois o acostamento da rodovia destina-se à parada ou estacionamento de veículos em emergência, não sendo ideal a circulação de pedestres e bicicletas, pois, por exemplo, ventos muito fortes, ao atingirem o veículo em movimento, podem deslocá-lo, ocasionando a perda de estabilidade e o descontrole.

Caso seja necessário o uso da rodovia para deslocamento, orientamos os ciclistas utilizarem sinalização de segurança reforçada, com sinalização noturna dianteira e traseira, espelho retrovisor, colete refletivo, roupas claras, dentre outros dispositivos de segurança individual.

A Triunfo Concebra conta com equipes que operam 24h/dia, fazendo a inspeção de tráfego no trecho concedido justamente para atuar rapidamente em qualquer irregularidade da rodovia.

Nossas equipes são dotadas também de médicos intervencionistas que quando acionados atuam na preservação da vida.

É compromisso da Concessionária orientar, atender, gerir e prestar o auxílio que o usuário necessita, e para que essa cadeia seja atendida nosso CCO – Centro de Controle Operacional que atende ao 0800 060 6000 com plantão ininterrupto 24h/dia, todos os dias do ano.

 

Ecovias do Araguaia:

A Ecovias do Araguaia esclarece que não há previsão, segundo contrato de concessão firmado junto ao Governo Federal, de construção de ciclovia ao longo do trecho administrado.

No entanto, visando garantir a segurança de motoristas, passageiros, motociclistas, ciclistas e pedestres, a concessionária tem atuado na elaboração e desenvolvimento de campanhas de sensibilização em toda a extensão do Sistema Anápolis-Aliança do Tocantins (BRs-153, 414 e 080).

 Também previsto no contrato de concessão, a concessionária atua no mapeamento do comportamento dos usuários com foco na segurança de todos que percorrem diariamente as rodovias sob sua administração.

Além disso, tem atuado no aprimoramento da infraestrutura rodoviária no sentido de coibir condutas irregulares, como conversões, paradas e travessias em locais não sinalizados e/ou travessias de pista por pedestres e ciclistas em locais não apropriados, fora de passarelas, por exemplo.

 Esclarece ainda que mantém um esforço contínuo em reduzir o número de acidentes e mortes ao longo dos 850 quilômetros de concessão.

Para isso, colaboradores de diferentes áreas técnicas da empresa se reúnem, periodicamente, para discutir medidas que devem ser desenvolvidas por meio do Programa de Redução de Acidentes (PRA).

 Os participantes do PRA unem dados e conhecimento sobre as rodovias, para identificar pontos onde estatisticamente há risco de acidentes, isto é, locais onde os usuários não utilizam corretamente as sinalizações e os equipamentos de segurança viária.

 Todas as ações realizadas pela equipe do PRA têm o apoio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e acontecem em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

 Por fim, informa que a depender de avaliações técnicas, obras não previstas no contrato de concessão, desde que previamente acordadas com o órgão fiscalizador (Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT), são passíveis de serem incorporadas pela concessionária.

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