Médico de Anápolis denuncia cinco mortes de pacientes que aguardavam cirurgia cardíaca

Walter Vosgrau aponta ainda que a falta de bolsas de sangue para operar é o principal fator que vem travando o trabalho dos profissionais no município

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Walter Vosgrau é médico e cirurgião cardiovascular. (Foto: Ismael Vieira)Médico de Anápolis denuncia cinco mortes de pacientes que aguardavam cirurgia cardíaca
Walter Vosgrau é médico e cirurgião cardiovascular. (Foto: Ismael Vieira)

Em menos de um ano chegou a cinco o número de pacientes que morreram enquanto aguardavam realizar cirurgia cardíaca em Anápolis.

A contabilização é feita pelo respeitado cirurgião cardiovascular Walter Vosgrau, que atua há décadas no município.

A morte mais recente ocorreu na última sexta-feira (23), trazendo sentimento de revolta não somente à família da vítima de 58 anos, mas também na equipe médica.

O procedimento seria realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Evangélico Goiano (HEG).

Chama a atenção o fato de que a paciente havia conseguido na Justiça que a regulação do município autorizasse o procedimento. No entanto, um item básico estava e permanece em falta em Anápolis: bolsas de sangue.

“Ela morreu em uma situação que poderia ser resolvida no ano passado. É um absurdo o que estão fazendo com o paciente cardiológico. Perder cinco doentes em menos de um ano é muita coisa”, denunciou Walter Vosgrau.

A entrega de materiais cirúrgicos também é outra queixa do médico.

“Desde o dia 15 de junho, eu não estou operando no Hospital Evangélico, porque não tem sangue. Além disso, as empresas que fornecem os materiais cirúrgicos não estão entregando para o SUS.”

Isso porque, segundo ele, o próprio Banco de Sangue de Anápolis, ligado à atual secretária municipal de saúde, Elinner Rosa,  não estaria recebendo os auxílios financeiros devidos para obter e repassar sangue aos hospitais.

Tal situação estaria fazendo a Prefeitura de Anápolis repassar os pacientes para a rede estadual, se livrando da responsabilidade de atender a própria população.

“Devem ter mais de 30 pessoas encaminhadas para outros lugares, para conseguir ser atendido. Aqui tem profissionais, tem hospitais, tem como resolver. Mas é mais fácil para a Prefeitura mandar para fora e gastar com outras coisas”, aponta Walter.

Portal 6 procurou a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) para comentar a situação. A assessoria de imprensa prometeu enviar nota, mas não o fez mesmo após quatro horas de espera pelo retorno.

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