Orgulho de Anápolis, Base Aérea chegou a ser anunciada em duas outras cidades goianas
Jairo Leite, historiador responsável pela gestão do acervo histórico do município, revelou ao Portal 6 os desdobramentos dessa decisão histórica
A cidade de Anápolis completa, no dia 31 de julho, 116 anos de história. Nesse período, foram conquistados diversos atributos pelos quais o município é reconhecido em todo o país.
Um dos principais deles é a Base Aérea, referência na defesa do território nacional e em operações de resgate e auxílio de situações emergenciais. Porém, o que poucos sabem, é que a construção dela chegou a ser anunciada em outras duas cidades de Goiás.
Ao Portal 6, o historiador Jairo Leite, responsável pela gestão do acervo histórico do Instituto Jan Magalinski, revelou como ocorreram tais trâmites e como a área militar terminou onde está atualmente.
“Chegou a ser escolhida a capital, Goiânia, para abrigar a Base Aérea Militar. Posteriormente, ao final da década de 60, ela quase foi construída em Luziânia também”, revelou.
Ainda segundo o profissional, a decisão chegou a ser publicada em jornais locais e celebrada pela população das demais cidades, mas acabou sendo confrontada por uma iniciativa que uniu diversos setores de Anápolis. A urgência em demonstrar fatores que priorizariam o município acabou tendo sucesso.
“Quando foi cogitada, ainda na década de 60, a Base seria no Aeroporto de Anápolis. Contudo, os empresários e políticos solicitaram que o Ministério da Aeronáutica viesse para conhecer melhor a região antes de oficializar a escolha”, explicou.
A visita acabou sendo providencial, não só para a escolha da cidade em definitivo, como também para definir a localização onde a pista ficaria.
Fatores como os mais de mil metros de altitude, a posição entre a capital nacional e a estadual e a riqueza hídrica foram algumas características que acabaram conquistando os oficiais que analisaram a região.
“Durante a vinda, os oficiais sobrevoaram a região e acabaram percebendo uma área melhor do que aquela onde estava o aeroporto de Anápolis”, explicou o especialista.
“A constatação foi que, na atual localização da Base Aérea, além da altitude privilegiada, a direção da pista de decolagem ficaria voltada para Brasília, possibilitando assim uma eficiente defesa da capital federal”, completou.
Após um longo percurso, em 1972 a iniciativa se concretizou com a inauguração da unidade. Os estudos e investimentos fizeram parte de uma reestruturação dentro do então Ministério da Aeronáutica.
E, assim, foi colocado em prática um sofisticado projeto, com o intuito de garantir a soberania do espaço aéreo brasileiro.
Atualmente
Diversos feitos da unidade já elevaram o nome da cidade, em atuações que trespassam as fronteiras do país. Em 2020, por exemplo, a Base de Anápolis ficou em evidência ao repatriar brasileiros vindos de Wuhan, na China.
A cidade foi o epicentro da pandemia de Covid-19 e os brasileiros resgatados passaram por um período de quarentena gerido pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Em outros momentos, o avião KC-390, que repousa em Anápolis, participou de ações humanitárias no Haiti e até efetuou o resgate de nativos do Brasil que estavam vivendo na Ucrânia, mas tiveram que fugir às pressas devido à eclosão da guerra contra a Rússia.
Deste modo, cria-se uma memória afetiva entre o anapolino e os aviões, galgados como símbolo municipal.
A população aprecia as máquinas como monumentos do crescimento e trabalho árduo local, dispostos imponentemente na praça Americano do Brasil, na frente da Vila dos Sargentos e na própria Base Aérea, além de realizarem as visitas anuais no tradicional evento de Portões Abertos.