Com obras paradas há 3 anos, clientes de Anápolis denunciam arquiteta por estelionato
Ao Portal 6, profissional se defendeu dizendo ter passado por um período conturbado por conta de um câncer do marido
Denúncias sobre o trabalho de uma arquiteta renomada estão batendo na porta da delegacia e já viraram caso de Justiça, em Anápolis.
As partes contratantes reclamam desde atrasos de mais de anos na entrega do prometido, até falta de materiais que supostamente deveriam já estar no canteiro de obras, mas que não são vistos por quem acompanha o trabalho.
Do outro lado, a arquiteta Mônica Christina Guedes argumenta que houve renegociação de prazo. Além disso, alegou que estaria passando por maus momentos devido à morte e, anteriormente, tratamento de um câncer do marido.
Huguette Pereira, irmã da falecida Keilah Pereira – uma das vítimas – afirmou que, em outubro de 2020, foi firmado um contrato com a profissional Mônica Christina Guedes. O valor total acordado foi de R$ 30 mil, pago a vista, para a reforma de um apartamento.
Entretanto, como relatado à reportagem, a obra, que tinha previsão de três meses para ser finalizada, passou por tantos atrasos que, no ano passado, a contratante decidiu abrir um processo contra a arquiteta.
A situação, porém, acabou se complicando ainda mais em dezembro de 2022, quando Keilah faleceu por complicações de um câncer, sem mesmo chegar a ver o projeto – que havia contratado dois anos antes – concluído.
“Ela morreu sem ver o apartamento, que era o sonho dela, ficar pronto. Sem nem conseguir o dinheiro dela de volta”, lamentou a irmã.
Huguette ainda contou que, durante muito tempo, Keilah foi leniente com a contratada, mas que Mônica deturpava informações a respeito do avanço do projeto.
“Ela [Mônica] sempre vem com alguma desculpa, fala que na próxima semana vai voltar para terminar, mas isso está se arrastando faz mais de três anos”, exclamou.
O último contato feito entre as partes aconteceu em junho deste ano, quando a profissional propôs um novo cronograma de atividades.
Na última semana, a familiar registrou um boletim de ocorrência contra a arquiteta por estelionato e aguarda os desdobramentos das investigações das autoridades.
Ao Portal 6, Mônica afirmou que conversas relacionadas com a reforma tinham sido feitas diretamente com a contratante, e que Huguette teria uma visão incompleta de todo o cenário.
A arquiteta ainda deixou claro que, apesar de o prazo inicial ser de três meses, o atraso era de conhecimento de Keilah, que estava de acordo. Ainda garantiu que, até o final de agosto, o imóvel estaria pronto.
Mais situações
Outro caso bastante emblemático envolvendo o trabalho da arquiteta é o de uma mulher, de 57 anos, que optou pelo anonimato. À reportagem, contou que, em 2019, se aposentou e resolveu investir na reconstrução da residência em que morava.
Ela disse também que chegou a firmar um contrato com Mônica, no começo de 2020. O valor inicial acordado foi de R$ 220 mil.
Ao longo do ano, a vítima utilizou da aposentadoria e empréstimos para enviar o dinheiro que a arquiteta iria utilizar para iniciar as atividades e comprar os materiais, contraindo assim uma dívida considerável.
Nesse meio tempo, teve de abandonar o imóvel e se mudou com o filho, de 08 anos, para um barracão, onde está em situação de aluguel até hoje.
Entretanto, com o passar do tempo e a previsão de oito meses para a conclusão se tornando cada vez mais improvável de ser atingida, a denunciante relatou que o progresso real da obra não condizia com o que era relatado pela profissional.
Ela ainda revelou que, após enviar cerca de R$ 100 mil para a arquiteta, resolveu investigar a fundo como a quantia estava sendo utilizada, e ficou devastada com o que descobriu.
“A Mônica falava que tinha comprado tanto de material já, mas a gente ia olhar e não achava isso. Fora que, do que era para ter sido feito mesmo, só tem uma parte do muro e os buracos para a fundação”.
Somando-se a esses relatos, diversos outros processos, por motivos semelhantes, correm na Justiça contra Mônica e a Edificatto Engenharia e Arquitetura, empresa que administra.
A profissional afirmou estar ciente da responsabilidade que tem e que todos os casos estão sendo tratados pela equipe jurídica da empresa, e que tem total intenção de retomar os projetos em andamento ou buscar soluções alternativas com os clientes.