Goiano que vive com a ‘pior dor do mundo’ sente sintomas o tempo todo e é vigiado 24h

Jovem enfrenta situação há 08 anos e é vítima de dois tipos de neuralgia

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Goiano Rafael Regis.
Goiano Rafael Regis. (Foto: Arquivo Pessoal/Luana Diniz)

“[…] É como se levasse murros com ferro quente”. A comparação é a que mais se aproxima das aflições enfrentadas pelo goiano Rafael Regis, de 28 anos, que, há 08 anos, sofre com uma dor considerada por alguns médicos como a “pior do mundo”.

O problema é fruto de dois tipos de neuralgia, que gera dor nos nervos danificados ou irritados, além do nervo intermédio e a do plexo timpânico.

Ao contrário de alguns casos em que há o ataque esporádico, Rafael sofre com os sintomas o tempo todo.

Aos parentes, ele afirma que sente pressão, queimação e choque, tudo ao mesmo tempo. Por isso, ele é vigiado 24h por dia por amigos e familiares.

A esposa do jovem, Luana Diniz, de 28 anos, afirma que o cônjuge apenas continua vivo por conta do esforço “sobrenatural” dele e da família.

“Você olha para a pessoa e parece que ela não tem nada, porque está tudo dentro da cabeça, mas é uma dor de tortura, que faz as pessoas tirarem a própria vida”, disse em entrevista ao UOL.

Ela conta que o primeiro sintoma sentido pelo marido foi um zumbido constante no ouvido. Na época, a família chegou a desembolsar R$ 40 mil em consultas que não foram capazes de trazer o diagnóstico.

Foi assim que, em abril de 2021, Rafael se mudou para Alemanha para realizar um tratamento auditivo, que ele ganhou em uma universidade, e recebeu um novo diagnóstico: síndrome de Eagle – doença que afeta o osso lateral do crânio e corta o ar que passa pela garganta. Ele precisou realizar duas cirurgias no país.

No entanto, mesmo após os procedimentos, os zumbidos no ouvido continuaram. Foi preciso a utilização de uma máquina de ressonância 7 Tesla, superdetalhada, para que o problema fosse identificado.

Contudo, o equipamento, até então, ficava no Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP), e só era utilizado em cadáveres para pesquisa.

Foi assim que a família acionou o Ministério Público e conseguiu com que o jovem fosse aceito em uma pesquisa para usar o aparelho.

Dessa forma, eles obtiveram a imagem do nervo afetado, que foi causado por uma mandíbula levemente retraída, que poderia ter sido arrumada com um aparelho durante a infância.

Posteriormente, ele foi indicado por médicos brasileiros para fazer uma cirurgia do nervo timpânico, em Massachussets, nos Estados Unidos (EUA), e uma de descompressão microvascular do nervo intermédio, na Califórnia, também nos EUA.

Uma campanha foi criada para a arrecadação de R$ 3 milhões, valor da cirurgia e o pós-operatório, mas até o momento foram arrecadados R$ 421 mil. A primeira cirurgia deve acontecer no dia 1º de dezembro.

“Por não ser algo genético, depois que fizer a cirurgia vai poder ter vida normal”, explica Luana.

A família chegou a recorrer à Justiça em busca de um auxílio público para o tratamento de Rafael, no entanto as tentativas não tiveram êxito, sob argumento de que há possibilidade de fazer a intervenção no Brasil.

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