Denúncia contra empresa de sorteios falsos já fez pastor abandonar Santa Ceia em Anápolis

Ao Portal 6, ex-funcionários também revelaram que as trocas de carro do líder eram tão constantes quanto as orações antes dos sorteios

Samuel Leão Samuel Leão -
Paulo “Madureira”, um dos líderes do esquema de sorteios. (Foto: Divulgação/ PCGO)

Dentre as várias revelações que surgiram com a divulgação da Operação Las Vegas, que investiga empresas que realizavam fraudes em sorteios em Goiânia e Anápolis, algumas chamam atenção pela ambivalência do pastor conhecido como Paulo “Madureira”.

Ao Portal 6, testemunhas – que preferiram não se identificar por temer retaliações – apontaram detalhes internos da organização, compartilhando informações de como era constante tanto a troca de carros do líder quanto a realização de orações antes dos sorteios falsos.

No entanto, uma outra situação se destaca como simbólica dentro da atuação do homem na empreitada.

“Tudo era muito tranquilo na hora dos sorteios. Mas teve um dia que ocorreu um grande atraso, de quase 3 horas, no início de um sorteio do Rede de Prêmios, que gerou revolta entre os clientes. Eles derrubaram a conta no Instagram alegando que a empresa havia aplicado golpes neles”, revelou.

A situação calamitosa preocupou o dirigente, que temia a descoberta do esquema e um possível fracasso da empresa, visto que o estrago nas redes sociais já era notável. No entanto, ele prontamente interrompeu tudo que fazia para agir.

“Paulo estava na Igreja Madureira participando da ceia, com a esposa e filhos, quando recebeu a ligação e foi correndo para a sede da empresa desesperado, temendo o fracasso, já que estava sendo detonada nas redes sociais. Paulo mal falava direito, de tão nervoso que ficou, e deixou todos apavorados”, completou.

Conhecido por sofrer de gagueira, o líder teria deixado os funcionários confusos e assustados – eles teriam percebido o teor da situação, mas sem entender o que Paulo, visivelmente abalado, tentava dizer.

Apesar de ter sido apenas um susto, o caso acabou se revelando como um prenúncio do que viria. Vale frisar, porém, que a descoberta do esquema não ocorreu nesta situação e nem em outra semelhante.

Na realidade, a Polícia Civil (PC) identificou o bilhete de sorteio apresentado por um suposto vencedor, no qual constava um número de cadastro da Caixa Econômica Federal. Todavia, ao consultar o banco, as autoridades descobriram que tal bilhete e o respectivo sorteio sequer existiam.

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