Como crime cometido no interior de Goiás pode afetar bolso de todos os moradores do estado
Especialistas veem com preocupação o cenário atual de contaminação
Alimentos com preços inacessíveis, falta de flores e frutas é uma realidade próxima para goianos após a morte de quase 9 milhões de abelhas em Bela Vista e Silvânia. Ao Portal 6, o biólogo João Pedro Cicatelli explica que o crime ambiental trará consequências para os bolsos goianos já na próxima safra.
A Operação Proteção às Abelhas deflagrou três casos de mortes em massa em apiários que resultaram no extermínio de milhares de abelhas nos dois municípios.
A instituição aponta como causa o envenenamento após pulverização das lavouras, o que configura crime ambiental com pena de até 04 anos de reclusão e multa de R$ 2 milhões. “É muito grave. Abelhas são as maiores polinizadoras. Tem estudos que dizem que sem abelha, sem alimento”, afirmou o delegado responsável pela operação, Luziano Carvalho.
“E só temos informações das abelhas de colmeias, ainda tem as do mato. É um problema muito grave mesmo”, reforçou. Vale destacar que ainda há apiários clandestinos, que, sem os devidos cadastros e dados, não é possível protegê-los da pulverização e nem contabilizar as perdas, apontou Luziano.
“Isso mostra a qualidade do alimento que chega na nossa mesa. Se consegue matar 09 milhões de abelhas, o que o consumo disso a longo prazo significa para nós?”, reflete João Pedro.
Para além da testagem do mel produzido na região que será realizado para averiguar se estão contaminados por agrotóxicos, a morte das abelhas impacta ainda no bolso dos goianos.
“A médio prazo, vai afetar na polinização das plantas. Se não acontecer [a polinização], não temos a reprodução. Sem reprodução, não temos sementes e nem como realizar o plantio. Isso vai afetar diretamente na compra do próximo estoque de sementes para plantio. Vão ver que o preço subiu”, explicou o biólogo à reportagem.
Como consequência, os alimentos ficarão mais caros para o consumidor final. Trata-se apenas de um exemplo, sendo que, de acordo com o delegado, há denúncias também em municípios como Abadiânia, Pirenópolis, Goiás, entre outros.
“Existe toda uma cadeia alimentar por trás. Existem insetos e pássaros que se alimentam de abelhas. Daqui a um ano, até 10 anos, vai afetar todo o meio ambiente”, disse o biólogo.