Metade das denúncias de ‘maus-tratos’ a animais em Goiânia é de vizinhos irritados com barulho, diz delegada

Das 1.384 ocorrências em 2023, apenas 10% são de maldades intencionais

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Metade das denúncias de ‘maus-tratos’ a animais em Goiânia é de vizinhos irritados com barulho, diz delegada
Cachorros são os mais afetados, seguidos por gatos e cavalos (Foto: Arquivo Pessoal/ Seliane dos Santos).

Goiânia apresentou um aumento de 69% nas denúncias de maus-tratos contra animais em 2023. No entanto, apenas 10% dos casos chegam a ser comprovados como intencionais, apontou a delegada titular do Grupo de Proteção Animal da Polícia Civil (PC), Simelli Lemes, ao Portal 6.

A especialista em crimes contra animais apontou que a capital goiana registrou 1.384 denúncias no ano passado. Entre os animais mais afetados, a maioria é composta por cachorros, seguidos por gatos, e, em menor quantidade, cavalos.

Conforme a delegada, os desafios das investigações se iniciam logo na comunicação, muitas vezes motivada por irritação e não preocupação. Dos 1.384 casos, aproximadamente metade é comunicado por vizinhos que se incomodam com os latidos e miados. “Muitos realmente fazem isso para dar um susto, acham que é simples a polícia bater na porta”, disse a delegada.

Daqueles casos em que os animais realmente estão sujeitos a maus-tratos, a omissão de cuidados lidera as denúncias.

Tal situação se caracteriza por quando o animal é mantido em lugares frios, sem sombra, proteção da chuva, água limpa, alimentação constante ou espaço para se locomover. Ou então o tutor não oferece os devidos cuidados veterinários quando o pet apresenta alguma doença ou condição.

No entanto, a omissão tende a não derivar da maldade intencional, e sim da falta de condições para oferecer melhores cuidados. “A maioria dos casos não é muito clara. Eu preciso que a pessoa tenha condições de proporcionar aquilo, como levar ao veterinário. Se uma família está em situação de vulnerabilidade, como vou exigir isso?”, pontuou Simelli.

Neste caso, é necessário iniciar uma análise mais completa, momento em que se mostra que apenas 10% das denúncias são de maus-tratos intencionais.

A tendência, segundo a delegada, é de que os registros aumentem nos próximos anos, no entanto, não será por conta do aumento da violência. “Os animais estão cada vez mais tomando um lugar de preocupação na sociedade. Agora, fazem parte da família. Muitos estão optando por ter animais de estimação. É uma tendência ter mais denúncias”, disse.

Reincidência

Para a especialista, a legislação se tornou mais firme quanto ao crime, sendo que violência contra cães e gatos pode resultar em uma pena de até 05 anos de reclusão. Para outros animais, a pena é de até um ano.

“Quando a gente recebe uma situação que muito claramente tem um crime de maus-tratos, percebemos que a pessoa não fica presa muito tempo, mas a tendência é que aprenda a lição”, finalizou.

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