Funcionários da Geolab criticam empresa após mudança nos horários: ‘só ganhamos mais tempo debaixo do Sol’

Ao Portal 6, colaboradores questionaram a falta de flexibilidade e as consequências da decisão. Empresa sustentou ter decidido tudo em sintonia com o sindicato

Davi Galvão Davi Galvão -
Indústria Farmacêutica Geolab, em Anápolis.
Indústria Farmacêutica Geolab, em Anápolis. (Foto: Reprodução)

Insatisfação e revolta. Foram esses os sentimentos descritos pelos colaboradores da Geolab, indústria farmacêutica localizada no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), que entraram em contato com o Portal 6, nesta segunda-feira (08), para denunciar a alteração proposta pela empresa nos horários dos turnos das equipes.

As mudanças, previstas para agosto, foram informadas no começo deste mês, em uma reunião coletiva, na qual foi repassada a decisão tomada pela gerência da companhia e, posteriormente, por meio de panfletos e teria, como propósito, “promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”.

Porém, conforme explicado pelos funcionários – que terão a identidade preservada nesta reportagem – a proposta tornaria praticamente inviável a rotina de vários colegas, que dependem do transporte coletivo.

Atualmente, o 1º turno (que foi o mais afetado), trabalha de segunda a sexta, das 06h às 14h37, e aos sábados das 06h às 11h55. Com a alteração, passariam a atuar de segunda a sexta, das 07h40 às 18h28, com duas horas de almoço.

Panfleto entregue aos funcionários. (Foto: Reprodução)

“Tem muita mãe que precisa buscar os filhos na escola, na creche, às 17h, porque lá fecha. Quando souberam disso, começaram a chorar, entrar em desespero, porque não tem o que fazer”, apontou uma das colaboradoras.

Mesmo com a mudança significando uma hora de almoço a mais e excluindo o trabalho aos finais de semana, assim como apontado na reunião coletiva, a maior parte da equipe parece não concordar com a ideia.

Tal realidade foi observada em um vídeo gravado no dia em questão, com os funcionários vaiando e criticando a proposta, enquanto era apresentada.

Colaboradores apontaram diversos problemas com a ideia

“De que adianta ter duas horas de almoço? A empresa não tem espaço de convivência, a gente come e fica esperando, sentados na calçada. O que a gente ganhou? Mais uma hora debaixo do Sol? Não tem como nem ir para casa, quem precisa de ônibus como que sai do Daia, vai para casa, almoça e volta, em menos de duas horas?”, questionou outro.

Dentre os problemas mais recorrentes, destaca-se a incompatibilidade dos novos horários com a rotina e obrigações dos colaboradores, já que muitos cursam faculdades, cursos profissionalizantes ou precisam buscar os filhos na escola.

“O ponto não é que a gente não aceita a mudança, mas sim que não fomos questionados, não teve uma negociação. Na reunião eles falaram que não iam enfiar goela abaixo, mas nenhuma das sugestões eles aceitaram. A gente não quer prejudicar a empresa, a gente quer trabalhar, mas assim também não dá”, lamentou outra.

O que diz a Geolab

Em resposta aos questionamentos do Portal 6, a empresa destacou que se preocupa com cada um dos colaboradores e que todo o processo de decisões acerca das mudanças foi feito em sintonia com o sindicato, em reuniões abertas aos colaboradores.

Além disso, sustentou que sempre esteve disposta a resolver problemas individuais e atendeu à todas as demandas solicitadas, incluindo a criação de uma rota exclusiva de transporte, flexibilização das distâncias pelo ponto de rota, aumento da frota de ônibus e lanche ao final dos turnos.

Ainda, destacou que aguarda votação para implementação da proposta e que o departamento de Recursos Humanos segue à disposição, inclusive com um plantão de atendimento.

Leia a nota na íntegra:

A empresa tem grande responsabilidade e preocupação com cada um dos seus colaboradores. O que pode ser verificado com todo o processo de transição, que foi informado previamente e contou com o envolvimento do sindicato da categoria em todas as assembleias nas quais foram apresentadas as propostas de mudança de horário.

Todos os colaboradores dos três turnos foram convidados a participar. Nesta assembleia, foram tiradas dúvidas e esclarecidos quaisquer questionamentos dos presentes, e a empresa, sempre disposta a solucionar casos individuais, atendeu a todas as demandas de ajustes solicitadas pelos colaboradores. Como, por exemplo, a criação de uma rota exclusiva de transporte para faculdade, flexibilização da distância pelo ponto de rota; aumento de número de ônibus para a rota e lanche ao final dos turnos, mas sempre respeitando todos os direitos de seus profissionais.

A empresa ainda aguarda a votação da proposta para sua implementação. O departamento de Recursos Humanos e a gestão de produção da empresa estão à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas. Inclusive, com um plantão de atendimento desde 8 de julho para atender a todos os colaboradores.

Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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