Saiba como funciona cirurgia de bifurcação da língua, que assustou internautas após vídeo de Andressa Urach
Ao Portal 6, especialistas destacaram que procedimento pode ter várias consequências, inclusive na fala
A ex-fazenda Andressa Urach voltou aos holofotes, dessa vez para relatar um procedimento curioso que fez recentemente: a bifurcação da língua.
A modelo apareceu nas redes sociais com a língua inchada, recém operada, e chocou usuários da internet – tanto pelo resultado final quanto pela motivação.
“Decidi apostar nessa transformação e potencializar os meus conteúdos e performances. Pode parecer estranho para o público, mas sempre tive esse desejo, um aumento no prazer durante as atividades íntimas”, explicou.
O Portal 6 consultou especialistas, que destacaram como funciona e quais são os perigos envolvidos no procedimento.
O que é a bifurcação da língua?
À reportagem, o body piercer Liam Alvers, de 28 anos, explicou que a bifurcação é um procedimento em que a língua é cortada ao meio, “dando vida” aos dois músculos que a compõem. “É como se você nascesse com dois dedos colados e cortasse a membrana entre os dois”, exemplificou.
Realizada com anestésico tópico, ao longo de aproximadamente 40 minutos, a operação é finalizada com suturas para impedir que a língua se reconecte. Então, inicia-se o inchaço e a dor, consequências mais comuns que levam cerca de uma semana para cessarem. Nesse período, a pessoa deve evitar álcool, drogas, comidas quentes e de difícil mastigação, deixando apenas sopas frias na dieta.
Com um preço médio de R$ 1,2 mil, dentre as modificações corporais, a bifurcação é a mais comum, destaca Liam, que já realizou mais de 50 desde 2014, quando iniciou. Outras modificações incluem reconstrução do lóbulo e implantes, sendo este último o mais raro. “Mas a modificação corporal é mais para quem já é entusiasta do body art, no geral”, disse.
No Brasil, não há regulamentação que exija formação específica ou proíba a prática. No entanto, de acordo com o profissional, a bifurcação deve ser realizada somente por profissionais capacitados da área de modificações corporais.
Perigos
A cirurgiã-dentista pós-graduada pela Universidade de Brasília (UnB), Ianara Pinho, explicou que o procedimento envolve uma série de riscos pela própria natureza da língua. “A língua é um músculo cuja característica principal é ter muitos vasos e muitos nervos”, afirmou.
Portanto, durante a cirurgia, há um risco elevado de rompimento de nervos importantes. “Isso pode levar a uma perda de sensibilidade, o que é realmente muito perigoso e pode ser permanente. […] Além disso, a gente tem a possibilidade de perda de paladar. Então, por ser um procedimento de modificação corporal bem profundo, a gente não pode esquecer que isso pode trazer danos psicológicos e arrependimentos, uma coisa que a gente não pode desprezar”.
Por ter uma grande quantidade de vasos sanguíneos, há ainda chances de um sangramento abundante e de difícil controle, o que pode levar a uma hemorragia, reforça a dentista.
“Do ponto de vista médico, esse é um procedimento contraindicado, porque ele altera completamente a função da língua”, destacou também a médica otorrinolaringologista que atua no Ânima Centro Hospitalar, em Anápolis, Juliana Caixeta.
Para além do risco de infecção, por se tratar de uma área com muitas bactérias, a médica aponta que o principal problema que pode ocorrer é afetar não só a distribuição da saliva e mastigação, como também a fala. Enquanto algumas pessoas voltam a falar normalmente após uma semana, segundo Liam, outras podem levar até seis meses para ter uma dicção perfeita novamente.
Em casos de arrependimento, as chances de reconstrução são incertas, afirmou Juliana. Neste caso, o profissional responsável por reconectar a língua é o otorrinolaringologista.
“O otorrino consegue corrigir, mas a capacidade de resolução vai depender de uma série de fatores: se a pessoa fuma ou não, a idade da pessoa, o tempo de cirurgia, para que essa estrutura volte a ficar da forma como ela era antes”, disse, por fim.
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