Conheça cidade goiana que tem 3 mil km de estrada de terra, distância entre Brasília e Oiapoque
Moradores relatam incapacidade de acessar saúde e educação devido ao cenário
No coração do Cerrado brasileiro, Cavalcante oferece uma paisagem com araras e o som da natureza. Mas, por trás dessa serenidade, esconde-se uma realidade desafiadora: a falta de infraestrutura básica, especialmente de estradas pavimentadas.
O município, que abriga parte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, enfrenta um problema estrutural que compromete o direito de ir e vir de seus moradores.
Com apenas 46 km de estradas pavimentadas concentradas no centro turístico, a maioria das vias do município são de chão batido. Se somadas, as estradas de terra de Cavalcante chegam a três mil km — uma distância equivalente ao trajeto entre Brasília e Oiapoque (AP), na fronteira mais ao norte do Brasil.
A falta de estradas pavimentadas não apenas afeta o acesso à educação, mas também coloca em risco a saúde e a vida dos moradores. Em entrevista ao Metrópoles, Antoniel Rodrigues, 12 anos, e Rebertson Marco dos Santos, 16, membros do Quilombo Kalunga, relataram as dificuldades do dia a dia da população.
Esses adolescentes caminham 7 km todos os dias para chegar à Escola Municipal Santo Antônio, enfrentando trilhas de terra, cruzando o Rio das Almas sem ponte. Essa realidade, que parece saída de séculos passados, ainda é o cotidiano de Cavalcante. Em dias de chuva, quando o rio enche, os meninos não conseguem ir à escola. Em alguns casos, o transporte fluvial é uma alternativa, mas não atende a demanda.
Outra alternativa que surge é o uso de pau de arara, meio de transporte perigoso e que já resultou em mortes. A recomendação das autoridades foi de interromper o uso. Contudo, o município não ofereceu opções de subsituição.
O Portal 6 buscou posicionamento da Prefeitura de Cavalcante sobre o estado atual da mobilidade e os planos para a pavimentação da cidade. No entanto, não obteve resposta até a publicação desta. O espaço segue aberto.