Vila submersa em Brasília vira ponto de mergulho, mas esconde uma das maiores tragédias do Brasil

Espaço foi criado pelos próprios trabalhadores na década de 1950, como uma alternativa à falta de alojamentos da nova capital

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Lago Paranoá, em Brasília. (Foto: Reprodução)
Lago Paranoá, em Brasília. (Foto: Reprodução)

Com uma área de 48 km², profundidade máxima de 38 metros e cerca de 80 km de perímetro, o Lago Paranoá, em Brasília, é considerado um dos maiores lagos artificiais do mundo.

No entanto, além de tamanha grandeza, este lago, que hoje funciona como ponto de mergulho, esconde uma história trágica, oriunda da construção da nova capital federal, em 1956.

Lago Paranoá, em Brasília. (Foto: Reprodução)

Antes de ser submerso pela água, o local abrigava a Vila Amaury, uma espécie de “acampamento” onde viviam os candangos – nome dado aos trabalhadores que construíram Brasília.

O endereço abrigava mais de 16 mil operários, além das respectivas famílias deles durante todo o período de obras, contando com casas, bares, um parque de diversões com roda-gigante e até uma rádio própria.

O espaço se formou por iniciativa dos próprios trabalhadores, uma vez que os alojamentos fornecidos pelo governo não eram suficientes, deixando muitos à mercê e sem ter onde ficar.

Vila Amaury, durante a construção de Brasília. (Foto: Paulo Manhães)

Mesmo assim, a Vila Amaury não durou muito tempo, pois no local onde ela havia se formado seria construído artificialmente o Lago Paranoá – que já estava previsto desde o projeto inicial.

Uma exigência do então presidente Juscelino Kubitschek, o lago deveria ser inaugurado juntamente com a cidade, forçando moradores a se retirarem do local.

Apesar do ultimato, muitas pessoas se recusavam a sair das casas, afirmando que ficariam lá até o fim, mesmo quando a barragem já havia começado a se encher de água.

Nesta época, muitas pessoas resistiram, abrigando-se no espaço mesmo com as inundações já evidentes, invadindo as residências.

Comportas da barragem para inundação do Lago Parauná foram abertas. (Foto: Arquivo Público-DF/Divulgação)

Contudo, em uma noite de fortes chuvas, muitos operários precisaram se retirar às pressas, fazendo com que a barragem se enchesse antes do previsto, inundando todo o espaço.

À época, muitas coisas foram perdidas: móveis, itens pessoais e, claro, toda uma história de candangos deixados sem moradia, em detrimento de uma estrutura criada unicamente para fornecer qualidade de vida aos políticos.

Mergulho

Hoje, 64 anos após a inauguração de Brasília, o lago segue funcionando normalmente como um ponto turístico e de lazer da cidade.

Existem operadoras de mergulho que organizam expedições no local, especialmente para explorar as áreas submersas onde estão estruturas remanescentes da antiga construção.

Vila submersa é aberta para mergulho. (Foto: Reprodução/G1)

Além disso, o Lago Paranoá possui uma diversidade de fauna aquática e pontos interessantes para mergulhadores, como locais com formações rochosas.

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