Caos na rede municipal de Saúde em Anápolis faz pacientes superlotarem HEANA
Em resposta, a Secretaria do Estado de Saúde apontou que ...
Mais de 50 pessoas internadas nos corredores – uma realidade digna de uma pandemia ou de uma catástrofe ambiental, como no Rio Grande do Sul ou em Brumadinho. Todavia, essa cena ocorre recorrentemente no Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Heana), unidade que tem como propósito o atendimento de urgências.
O Portal 6 teve acesso a um vídeo, gravado na noite da última terça-feira (17), que mostra o cenário caótico que se instalou na unidade de saúde, e que ocorre com certa recorrência.
“Ontem falei com uma assistente social e ela disse que recebeu o plantão com 58 pacientes internados nos corredores. Estou com uma familiar deitada, sem medicação, sem um lugar privado. Era melhor ela ter ficado em casa, pelo menos era um lugar silencioso, aqui ela está nesse vuco-vuco, nessa muvucona, que é um monte de gente internada nessa situação”, desabafou uma acompanhante.
O cenário, que parece ter pego de surpresa os gestores responsáveis, na realidade se mostrava em declínio já há vários meses. Em agosto deste ano, a Prefeitura de Anápolis teve que agir às pressas, pressionada pelo desarranjo da saúde municipal, liberando 15 leitos no Hospital Alfredo Abrahão para conseguir absorver pacientes cirúrgicos do Heana – que já estava superlotado.
Portanto, a situação não surgiu agora e, portanto, poderia e deveria ser evitada. Algumas questões, como o fechamento do Cais Progresso, que se tornou o Hospital Alfredo Abrahão, geraram um desbalanço na demanda da zona Norte da cidade. Além disso, o fim do atendimento de portas-abertas da Santa Casa agrava o caso.
Calamidade
Anápolis vive uma realidade onde macas de socorristas, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu) e do Corpo de Bombeiros, são frequentemente requisitadas para servirem de leitos – reduzindo a capacidade de atuação de ambos os órgãos.
Após fechar o Hospital Municipal de Anápolis Jamel Cecílio, em novembro de 2021, em razão de uma suposta estrutura precária e inadequada para o atendimento da população, surgiu a promessa do Hospital Municipal Georges Hajjar, que iria fornecer 80 novos leitos ao município e seria inaugurado em agosto de 2024.
Apenas seria, no campo da possibilidade, pois, até o momento, segue em obras. Enquanto isso, a população precisa se digladiar, em meio a doenças, lesões e outros problemas de saúde, para disputar as poucas vagas disponíveis em Anápolis, a terceira maior cidade do estado.
Houve também o lançamento do Centro Médico da Jaiara – maior bairro da cidade, que foi inaugurado como uma unidade básica de saúde mista, atendendo os casos de baixa complexidade e recebendo também agendamentos. Todavia, quatro meses após se tonar ativa, a expectativa de que a unidade desafogaria o cenário não concretizou, e episódios como as registrados no Heana seguem ocorrendo.
Resposta
A reportagem entrou em contato com a Secretaria do Estado de Saúde (SES-GO) e com a Fundação Universitária Evangélica (Funev), responsável pela gestão do Heana, e solicitou esclarecimentos acerca de medidas a serem tomadas, para evitar esse tipo de ocorrência, e também de quais seriam as possíveis causas para que se chegar a esse cenário.