Conheça Julia Correia, a aprovada mais nova no concurso para juiz em Goiás

Profissional falou também sobre estereótipo que acompanha um cargo de tamanha responsabilidade e a "tenra" idade

Davi Galvão Davi Galvão -
Conheça Julia Correia, a aprovada mais nova no concurso para juiz em Goiás
Julia na sede do STF, durante curso de formação da Enfam. (Foto: Arquvi Pessoal)

Aos 26 anos, a carioca Julia Vianna Correia da Silva se consagrou como a candidata mais nova a ser aprovada no último concurso de juiz substituto em Goiás dentre os outros 43 selecionados.

Já ocupando oficialmente o cargo, a pós-graduada em Direito Público e Privado pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) contou, em entrevista ao Portal 6, a alegria e senso de responsabilidade que acompanharam a aprovação, bem como os desafios que a aguardam.

“A magistratura é um dos serviços mais nobres e exige muita ética, postura e eficiência. É um desafio novo, pois ao contrário de muitos colegas, que já exerciam funções de juízes antes, para mim é a primeira vez. Mas, obviamente, também é um grande prazer”, destacou.

Ainda quando cursava o ensino médio, ela comentou que não sabia ao certo com qual rumo iria seguir, momento este em que ouviu os conselhos dos pais, a quem também grande parte da personalidade que construiu ao longo dos anos.

Julia deixou claro que foi por conta deles que ainda mantém uma mente voltada mais para a razão do que para a emoção. Foi graças às sugestões dos pais, de fazer uma graduação mais ampla, que optou pelo Direito logo ao sair do ensino médio.

Apesar de admitir que o começo da jornada acadêmica foi composta por certo contragosto, garantiu que logo nos primeiros meses as percepções se alteraram quando percebeu o impacto que poderia causar na via das pessoas.

“Tem-se no senso comum um imaginário de que o Direito é composto de pessoas distantes, frias e engravatadas. Mas dá para ser diferente e a magistratura é o caminho que mais abre portas para isso […] Sempre considerei que pondero mais do que defendo, que ouço mais do que falo. Assim, enquanto juíza, posso de fato entender cada história e de fato ajudar e fazer a diferença”, disse.

Estudos, preparação e resultado

Findada a graduação na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), a própria escolha de seguir os estudos na EMERJ também foi bastante influenciada pelo fato de, além de agregar conhecimento e especializações, também se preparar para o concurso.

E assim, por cerca de quatro anos, se dedicou à tarefa de aulas e PDF’s, deixando claro, por mais que foco, dedicação e maturidade sejam necessários, pouco adianta “passar da conta”. Rotinas de estudo insustentáveis, de mais de 10 horas por dia a fio, além de abrir mão do tempo com a família e amigos, mais atrapalham do que ajudam.

Os anos de labuta deram frutos e a aprovação para o cargo veio já em outubro. “A primeira fase, objetiva, é a que mais barra pessoas, mas a segunda ainda é um desafio a parte, bem diferente. Foi a primeira prova em que eu fui chamada para essa segunda etapa, de discursivas e sentenças, então o nervosismo estava presente, mas o importante é que deu tudo certo”, disse.

Agora, Julia e os demais aprovados seguem atuando como juízes substitutos, auxiliando os colegas efetivos em Goiânia e também arredores, a depender da necessidade do Judiciário, enquanto concluem o curso de formação, previsto para se encerrar por volta do final de março.

Concluída essa etapa, deverão enfim serem atribuídos a alguma das comarcas do estado, já como efetivos no cargo.

Idade tenra e estereótipos

Com a grande conquista, Julia garantiu estar ciente de que, pelo senso comum, é natural que haja certo estranhamento da população ao lidarem com uma juíza tão nova – para ela, sem fundamento.

“Imagino que minha idade possa causar algum estranhamento, especialmente porque devo ir a alguma uma comarca menor, onde as pessoas comentam acerca das novidades com maior intensidade”, pontuou.

Julia destacou que simples estudo para concurso exige uma maturidade, comprometimento e nível de postura bem mais elevados. Por isso que a “simples” aprovação já é um indicativo de que a pessoa está apta a lidar com um cargo de tamanha responsabilidade.

Além disso, ela defende que cada um dos recém-aprovados vem de uma base distinta, com vantagens e desvantagens. Assim, há colegas mais velhos, com mestrados, doutorados, mas também uma parcela significativa de juízes de menos idade. Para estes, ela ainda destacou um diferencial a parte.

“Temos a vantagem de estarmos mais próximos da população e até uma visão mais otimista para o futuro. Independentemente disso, posso estender a garantia de que exercerei a função de forma focada e comprometida. Para a população, aproveito para destacar que a eficiência e dinamicidade no caminhar dos casos e processos será uma prioridade”, garantiu.

Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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