Presa falsa enfermeira que aprendeu a deformar pacientes com ‘professora’ de estética da Grande Goiânia

Suspeita chegou a apresentar registros de enfermagem sem procedência à PC

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Presa falsa enfermeira que aprendeu a deformar pacientes com ‘professora’  de estética da Grande Goiânia
Maria Silvânia Ribeiro era ‘aluna’ de Luana Nadejda Jaime. (Foto: Reprodução/Instagram)

Uma escola do crime. Foi assim que a falsa esteticista Maria Silvânia Ribeiro ‘aprendeu’ a usar itens impróprios para procedimentos estéticos e deformar clientes, na própria clínica de estética, localizada em Aparecida de Goiânia.

O nome da professora: Luana Nadejda Jaime, ex-miss Goiás. Com extensa ficha criminal, envolvendo, além das deformações no próprio estabelecimento de Goiânia, até ser acusada de homicídio de uma amiga nos anos 2000, em Anápolis. No julgamento, em 2014, o júri a absolveu, por quatro votos contrários e três favoráveis, por falta de provas.

Nas redes sociais, Luana Jaime postava sobre os procedimentos estéticos. (Foto: Reprodução/Instagram)

Juntas, elas fizeram, em menos de um ano, seis vítimas, incluindo um homem que perdeu a funcionalidade do pênis após realizar um preenchimento peniano com PMMA — substância proibida neste tipo de procedimento —, pensando ser ácido hialurônico.

Segundo a delegada Débora Melo, titular da Delegacia Especializada do Consumidor (Decon), a investigação começou em dezembro de 2023, quando uma mulher sofreu graves lesões devido à operação.

A vítima, segundo a delegada, teria sido hospitalizada em estado grave após fazer um preenchimento nos glúteos, chegando a ser entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A internação, realizada em um hospital público de Aparecida de Goiânia, despertou a atenção da equipe da unidade de saúde, que acionou a Vigilância Sanitária do município e chegou até a clínica de estética, no Parque Ibirapuera.

Primeira autuação

No local, equipes encontraram a proprietária, Maria Silvânia, que aos clientes dizia ser biomédica, mas, à Polícia Civil (PC), apresentou um registro profissional como enfermeira, despertando a atenção da equipe policial.

O caso então foi encaminhado para o Conselho Regional de Enfermagem (Coren), que confirmou a legalidade do registro e, em seguida, o cancelou, ao mesmo passo que a PC interditou a clínica de estética.

Clínicas de estética foram interditadas. (Foto: Reprodução/Instagram)

Durante as investigações, foi descoberto que o estabelecimento havia sido aberto após a suspeita ter ‘aulas’ com Luana Jaime, também proprietária de uma clínica de estética, que utilizava substâncias proibidas nos pacientes.

Com o andamento do inquérito, mais quatro pessoas procuraram a delegacia, estas vítimas da clínica de Luana, somando-se às duas vítimas iniciais de Maria Silvânia.

Diante das informações, medidas judiciais foram encaminhadas à PC, de forma que ambas as supostas autoras fossem presas preventivamente, as quais seriam cumpridas já nesta quinta-feira (20).

Fuga da polícia

Apesar disso, ao tomar conhecimento das determinações, Luana Jaime fugiu do país para se esconder da polícia, que informou o caso para a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), que já a adicionou à lista de procurados internacionalmente.

Maria Silvânia, por sua vez, foi abordada pela polícia corretamente, momento em que, novamente, apresentou um novo registro do Coren, mesmo o anterior já sendo cancelado.

Por conta disso, autoridades federais como a Segurança Nacional e a Polícia Federal (PF) devem ser informadas sobre os próximos passos do inquérito, a fim de fiscalizar a regulação desses documentos profissionais.

Maria Silvânia Ribeiro foi presa pela PC. (Foto: Divulgação/PC)

Apesar da tentativa, a suspeita foi presa e deve ficar sob a responsabilidade do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Aparecida de Goiânia.

Mesmo que não tenha sido detida, a delegada Débora Melo informou que Luana Jaime segue com um mandado de prisão ativo e, assim que localizada, deve ser encaminhada à unidade prisional.

Juntas, elas vão responder pelos crimes de lesões corporais graves — quatro vítimas de Luana e duas de Maria Silvânia —, induzir o consumidor ao erro, falsificação de documentos públicos, exercício ilegal da medicina e outros delitos. Somadas, as penas ultrapassam os 15 anos.

A divulgação da imagem e nome das investigadas, bem como da clínica estética alvo de buscas, foi procedida nos termos da Lei nº 13.869/2019 e da Portaria nº 547/2021 – PC, conforme despacho do(a) delegado(a) de polícia responsável pelo inquérito policial, de modo que a publicação possa auxiliar no surgimento de novas vítimas, além de novas provas.

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