A data de nascimento de Anápolis está errada? Veja o que diz a história
Cidade comemora 118 anos nesta quinta (31), mas pode ser, na verdade, duas décadas mais velha


Todo mundo em Anápolis já ouviu, pelo menos uma vez, que a cidade foi fundada em 31 de julho de 1907. É essa data que aparece nos documentos, nas solenidades oficiais, nas placas comemorativas e nos discursos de aniversário. Mas a história, quando vista de perto, conta outra coisa. A cidade que hoje celebra 118 anos pode, na verdade, ter nascido bem antes do que diz o calendário.
O ponto de partida para essa discussão está na própria escolha do dia 31 de julho como “data de fundação”. O que aconteceu ali, de fato, foi a mudança de nome da antiga Vila Santana das Antas, que passou a se chamar Anápolis. Isso foi decidido em 1907 pela Câmara Municipal, e marcou, mais simbolicamente do que legalmente, uma nova fase do município.
O que pouca gente sabe — ou prefere esquecer — é que Anápolis já era emancipada desde 15 de dezembro de 1887, quando deixou de ser subordinada a Pirenópolis e passou a ter autonomia como Vila. Esse é o marco político e jurídico que, em quase todas as cidades do país, é usado como referência para o nascimento oficial. Em Anápolis, não foi assim.
Segundo o pesquisador Jairo Alves Leite, o motivo dessa troca de referência histórica foi bem mais prático do que poético. Em 1956, quando o governo estadual preparava uma grande comemoração pelo aniversário da cidade, percebeu que os 70 anos de emancipação estavam chegando. Mas, por razões de impacto e marketing, optou-se por comemorar não os 70 da Vila, mas os 50 anos do nome “Anápolis”, criando o chamado jubileu de ouro. Para isso, a contagem foi reiniciada, deixando os 20 anos anteriores de lado. E assim ficou até hoje.
A história anterior, porém, está registrada. Começa em 1859, quando Ana das Dores de Almeida chegou à região com sua tropa e resolveu parar após um episódio curioso. O burrinho que carregava a imagem de Sant’Ana teria empacado às margens do Córrego das Antas, e a dona da imagem interpretou aquilo como um sinal divino. Foi ali que ela se fixou e deu início à Fazenda das Antas, mais tarde transformada em povoado com a construção de um engenho de açúcar e, depois, da capela que hoje é a matriz dedicada à padroeira.
Com o crescimento do povoado, a região foi elevada à condição de Freguesia em 1873. Em pouco mais de uma década, já com cerca de três mil habitantes, recebeu o título de Vila. Estava emancipada. Tinha vida política própria. Já era cidade, ainda que com outro nome.
Hoje, o antigo 15 de dezembro segue esquecido, restando apenas como nome de uma rua no Centro da cidade. A história que o acompanha, no entanto, continua viva nas pesquisas, nas tradições e nos detalhes que escapam das datas oficiais.
Ao completar 118 anos em 2025, Anápolis comemora a idade de um nome. Mas, se a contagem fosse pelo que de fato aconteceu, seriam 138 anos de história — com direito, inclusive, a dois aniversários.
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