Conheça a cidade em Goiás que a terra esconde segredos (e sons)

Descubra como Mambaí, encravada no cerrado goiano, oculta segredos sonoros e paisagens de tirar o fôlego

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
Conheça a cidade em Goiás que a terra esconde segredos (e sons)
Caverna no Parque Estadual da Terra Ronca, em Goiás. (Foto: Divulgação / Parque Estadual da Terra Ronca).

Desde os tempos coloniais, quando os pioneiros baianos chegavam ao sertão goiano em busca do látex extraído da mangabeira, o povoado conhecido como Riachão floresceu à beira do rio e, em 1958, ganhou autonomia como o município de Mambaí, segundo a Prefeitura Municipal de Mambaí. O nome, “Man” de mangaba e “Baí” de Bahia, já anunciava sua história entrelaçada com os ciclos da natureza.

Mas o que faz a terra “roncar” por aqui? Não se trata de metáfora romântica: a geologia única do Vão do Paranã abriga formações cársticas, cavernas, cânions, rios subterrâneos, que reverberam sons subterrâneos e ecos. Essa acústica natural, unida ao silêncio quase místico do cerrado, cria sensações tão intensas que quem visita sente a terra responder em murmúrios inaudíveis a olho nu.

Conheça a cidade em Goiás que a terra esconde segredos (e sons)

A arquitetura do território, marcada por imensas galerias de calcário como a Tarimba (com cerca de 12 km de extensão) e a Lapa do Penhasco (1,7 km de galerias e escarpas de até 80 metros), funciona como uma caixa de ressonância geológica: cada gotejo, cada corrente de água pulsando dentro da caverna, reverbera como notas graves, quase um ’ronco’ da terra.

Esse teatrinho natural tem plateia: turistas e aventureiros que chegam à Cachoeira do Funil, onde o rio despenca sobre uma caverna e segue seu curso subterrâneo, experimentam não só a emoção do rapel e do pêndulo, mas também a sinfonia úmida e cavernosa que se desenha no penhasco. É um show improvisado entre o barulho da queda d’água e os ecos que retornam das profundezas.

E não só de adrenalina vive Mambaí: seus poços azulados, trilhas que serpenteiam por vales e cânions, fervedouros translúcidos, e a aura bucólica do cerrado criam uma sinestesia de sons, cores e sensações. A “terra que ronca” é também a terra que sussurra: segredos geológicos, histórias de extrativismo, tradições baianas, tudo isso compõe um espetáculo sonoro e visual único.

Nos dias secos, entre março e setembro, o espetáculo se intensifica: a visibilidade é maior, o silêncio mais profundo, os sons ainda mais nítidos. E, como os moradores locais explicam, cada eco dentro da caverna é parte da identidade, um lembrete de que a terra, de fato, tem voz.

Seja você mochileiro, turista, ou aventureiro curioso: Mambaí é a voz, e o ronco, do cerrado.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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