Supostos mestres da tecnologia, jovens da geração Z enfrentam dificuldades para conseguir emprego: “não sabem nem montar planilha”
Especialista analisa atual cenário e propõe alternativas para empresas com dificuldade em reter funcionários

Extremamente conectados com a tecnologia, dão aula de como usar os mais recentes apetrechos, o suprassumo da inovação. Até terem de abrir uma planilha no Excel. Por muito tempo, se propagou o quão familiarizada a chamada “Geração Z” é com as novidades do mundo da tecnologia, e não é para menos.
Os nascidos entre 1990 e 2010 experienciaram o boom dos smartphones e máquinas cada vez mais inteligentes e autônomas. Apesar disso, nem tudo são flores na hora de encontrar um emprego.
Foi o que revelou, em entrevista ao Portal 6, a empresária e especialista em contratação, Débora Menino, que exaltou a adaptabilidade desse público, mas não escondeu falhas que aparecem rotineiramente nos escritórios de RH.

Débora Menino é empresária e especialista em contratação. (Foto: Arquivo Pessoal)
“Realmente, com novas tecnologias, eles são muito bons, têm ideias muito criativas. Mas, em outros aspectos, têm muita dificuldade. Eles cresceram aprendendo a digitar num touch screen, não em um teclado. Aí, quando precisam digitar em um computador, são muito lentos, ficam caçando as teclas, porque não tiveram esse hábito”, destacou.
Ainda, Débora reforçou que, mesmo entre a Geração Z, não é como se todos os integrantes tivessem as mesmas dificuldades. Isso porque são nos mais jovens, atualmente entre 18 e 25 anos, que problemas assim são mais visíveis.
“Quem pegou o comecinho, nasceu no final da década de 90, ainda teve contato com computadores clássicos ao mesmo tempo em que cresceu com as tecnologias recentes. Mas no público dos 18 a 25, é visível certo atraso”, pontuou.
Nem uma planilha
Durante a entrevista ou ao longo dos períodos de experiência, é pedido que o jovem crie uma planilha no Excel juntando dados básicos, distribuídos em colunas.
“Hoje em dia, quando esse público precisa anotar algo, na aula, por exemplo, eles não abrem mais o Word, abrem um bloco de notas. Não fazem planilhas, não têm a mínima noção”, explicou Débora.
Falta de diálogo
A especialista em contratações pontuou que uma consequência desse desfalque em habilidades “básicas” reflete diretamente na alta rotatividade de empresas, que não conseguem reter funcionários.
“É uma situação complexa. As empresas com esse problema querem um funcionário que venha completo, já dominando ou ao menos com o conhecimento básico dessas ferramentas, mas não entendem que essa não é a realidade da força de trabalho atual e não querem gastar recursos treinando”, destacou.
Nessa linha de raciocínio, ela reconheceu que, por vezes, candidatos da geração Z de fato podem ter alternativas mais práticas e simples do que sistemas clássicos e “datados”. Porém, por aterem-se a práticas já comprovadas e que deram retorno consistente ao longo dos anos, muitas empresas se recusam a dar abertura para essas novidades.
Isso porque, normalmente, as empresas não exigem conhecimento avançado acerca das fórmulas e funcionalidades mais complexas. Na maior parte das vezes, basta o bom “arroz com feijão”.
Vale mais do que qualquer Pacote Office
Finalizando, Débora deu uma dica valiosa a empresas que enfrentam esse problema de alta rotatividade em questões que envolvem conflitos de geração.
Nas palavras dela, muito mais do que o domínio de sistemas como o Excel, o mais importante é conferir se o candidato da geração Z possui valores que se alinham com os da companhia.
“Se a equipe de recrutamento enxerga potencial, vontade de crescer, vale sim a pena investir, mesmo que tenha que ensinar. Isso é o mais importante, comprometimento”, disse, por fim.
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