Conheça a história por trás das pedrinhas das ruas de Pirenópolis
Sob os pés, a história: veja como o calçamento de Piri conta a trajetória de uma cidade que virou destino turístico

Do solo que testemunhou descobertas auríferas ao mosaico rústico que hoje encanta turistas, as famosas “pedrinhas” de Pirenópolis não nasceram com o ciclo do ouro, e sim se firmaram no século XX, e cada pé-de-moleque esconde séculos de geologia, economia e identidade regional.
Pirenópolis, fundada em 7 de outubro de 1727, então chamada Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte, começou sua história pelas mãos de bandeirantes atrás do ouro, com população estimada em cerca de 26.690 habitantes em 2022, conforme dados do IBGE. Mas as pedras que reveste hoje suas ruas não surgiram nessa época colonizadora.
Conheça a história por trás das pedrinhas das ruas de Pirenópolis
Na verdade, o uso marcante do quartzito-micáceo, pedra abundante na região, intensificou-se entre aproximadamente 1900 e 1930, impulsionado pela construção de Brasília e Goiânia, uma crescente demanda por material de construção que voltou o olhar para a rocha local.
Segundo o site Rotas de Goiás, o calçamento chamado popularmente de “pé-de-moleque” surgiu nesse período, com sobras de mineração sendo reaproveitadas diretamente no chão das ruas.
Esse tipo de pavimentação não é apenas esteticamente encantador e símbolo do patrimônio vivo: o quartzito é resistente ao desgaste e permite absorção de água da chuva, contribuindo à drenagem urbana sustentável.
Além disso, o IPHAN reconhece que Pirenópolis preservou seu traçado colonial original e que “as principais ruas são calçadas de uma forma singular com pedras colocadas de topo”.
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As pedrinhas ganharam ainda mais significado como identidade visual do centro histórico. As ruas de paralelepípedo ou blocos modernos, como na Rua Direita, ficaram de fora, mas ruazinhas como a Aurora, do Bonfim e o Beco do Anfilófio exibem esse piso rústico que parece cenário de filme e compõe o charme da cidade.
Não se trata de um resquício direto do período de mineração do século XVIII, o uso exaustivo de mão de obra escravizada em extração pode ter marcado a história local, mas o calçamento só se tornou prática urbana entre as décadas de 1930 e 1960.
A construção de Brasília, especialmente, intensificou a exploração do quartzito e viabilizou o uso popular dessas pedras como pavimento. Em meados da década de 1960, o calçamento urbano com essas sobras virou realidade.
Hoje, caminhar por entre essas pedrinhas é como traçar uma linha entre o ontem e o agora, um patrimônio vivo que combina durabilidade, beleza e cultura regional. É um convite a desacelerar e perceber como cada fragmento polido carrega história, técnica e geologia local.
Com este chão carregado de história, Pirenópolis não precisa erguer grandes monumentos para contar sua trajetória, basta olhar para os pés.
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