Entenda por que trânsito tem tornado Goiânia uma cidade com “vários centros”
Capital é a única pesquisada em que uso do carro particular foi maior do que o de transporte coletivo público

Apesar de ser uma cidade jovem, completando 92 anos na sexta-feira (24), o fluxo intenso e a sobrecarga no trânsito de Goiânia já figuram como a principal queixa quando o assunto é melhoria na capital. Em meio ao cenário, uma das adaptações que permitirá que o município continue crescendo sem se tornar intransitável está na consolidação do modelo de “cidade policêntrica”.
De acordo com o especialista imobiliário Henrique Campelo, a denominação sugere que a capital tenha vários centros comerciais e de serviços, que favorecem a acessibilidade das pessoas e diminuem a necessidade de deslocamentos até a região central.
“Esse é um modelo que vemos em grandes metrópoles pelo mundo, que estimula o morar perto de onde se trabalha, perto da escola das crianças, e até optar por fazer diversas atividades a pé, para ganhar tempo e qualidade de vida”, explica.
A mudança, segundo o profissional, já pode ser observada em bairros como Eldorado, Setor Jaó, Garavelo, Goiânia 2 e Parque Lozandes.
Para Henrique Campelo, o cenário promete modernizar a cidade e estimular o desenvolvimento em vários eixos, melhorando a mobilidade urbana e contribuindo para a qualidade de vida da população.
“Quando temos a presença de serviços básicos como saúde, educação, moradia de qualidade e acesso a serviços públicos, essa região se torna um indutor de crescimento orgânico. É o que podemos ver hoje na região sudeste, ao lado da BR-153, onde estão localizados a sede da administração municipal, a Assembleia Legislativa, o Fórum Cível e outros importantes órgãos, além de diversos restaurantes, farmácias, escolas, academias e outros comércios que atraem, diariamente, novos moradores”, observa.
O profissional exemplifica, trazendo à tona a situação ocorrida na região Sudeste, que atraiu investimentos imobiliários para atender à demanda por moradia e serviços.
“Hoje, recebemos diversas pessoas que moravam em outros bairros, mas trabalham aqui perto e desejam encurtar a distância. Ou pessoas que já moram aqui e querem trazer seus negócios para atender à população da região. São donos de clínicas de diversas áreas da saúde, advogados, corretores, entre outros”, conclui.
Trânsito intenso
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que mais de 300 mil pessoas gastam pelo menos duas horas por dia no trânsito para ir e voltar do trabalho.
O próprio município, inclusive, é a única capital entre as unidades federativas pesquisadas em que o uso do carro particular foi maior do que o uso do transporte coletivo público.
No total, mais da metade da população usa carro para ir ao trabalho — sendo 41% com automóvel particular e 10% por aplicativo —, segundo aponta a pesquisa Viver nas Cidades – Mobilidade, do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) e da empresa de pesquisa Ipsos.
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