Por que o Assaí e o Atacadão conseguem ser mais baratos do que os supermercados
Modelo de atacarejo cresce no país ao combinar grande volume, custos operacionais reduzidos e logística eficiente
O avanço dos atacarejos no Brasil transformou a forma como as famílias e pequenos comerciantes fazem suas compras. Redes como Assaí Atacadista e Atacadão não só se consolidaram como alternativas viáveis aos supermercados tradicionais, mas passaram a liderar o mercado de abastecimento alimentar em diversos estados.
O principal fator dessa expansão é o preço mais baixo, resultado de um modelo de operação desenhado para reduzir custos e ampliar o volume de vendas.
O formato atacarejo combina características do varejo e do atacado. Isso significa que a loja atende tanto consumidores finais quanto compradores que buscam quantidades maiores, oferecendo vantagens progressivas conforme o volume adquirido. Esse mecanismo é fundamental para entender por que esses estabelecimentos conseguem trabalhar com preços tão competitivos.
Compras em grande escala geram poder de negociação com a indústria, que repassa valores mais baixos às redes e, consequentemente, ao consumidor.
A operação interna também contribui para essa diferença. Ao contrário dos supermercados tradicionais, que investem em ambientação, variedade ampliada, padarias completas e açougues com atendimento personalizado, os atacarejos adotam estruturas simples.
Produtos são expostos em paletes, corredores são mais largos e o serviço é reduzido ao essencial. Essa economia em layout, mão de obra e complexidade operacional diminui significativamente os custos fixos e ajuda a manter margens mais enxutas.
Outro fator determinante é a eficiência logística. Atacarejos costumam operar com centros de distribuição integrados e fluxo constante de cargas de grande volume. Essa logística direta otimiza estoque, reduz rupturas e diminui etapas no processo de abastecimento, deixando o processo mais barato e previsível.
Em muitos casos, a própria loja funciona como uma extensão do depósito, o que reduz ainda mais despesas com armazenagem.
O mix de produtos também é planejado para manter competitividade. Enquanto os supermercados apostam em variedade e marcas premium, os atacarejos priorizam itens de giro rápido e embalagens maiores, que favorecem economia de escala.
A oferta mais enxuta facilita negociação com fornecedores e garante preços agressivos nas categorias mais procuradas, como arroz, feijão, carnes embaladas, laticínios e produtos de limpeza.
Nos últimos anos, a digitalização reforçou esse modelo. Redes passaram a usar dados de consumo para identificar produtos de maior demanda, ajustar promoções e otimizar negociações com a indústria.
Essa análise permite criar ofertas mais eficientes, mantendo o fluxo de clientes sem comprometer a margem.
O crescimento do atacarejo também está relacionado ao cenário econômico. Em um país onde a inflação dos alimentos afeta diretamente o poder de compra, a possibilidade de economizar em produtos básicos se tornou determinante na escolha do consumidor.
Por isso, o setor passou a atender não apenas comerciantes, mas também famílias que buscam preços menores comprando um pouco mais do que no varejo comum.
Embora o modelo seja robusto, ele enfrenta desafios como a necessidade de localização estratégica, gestão rigorosa de estoque e adaptação a hábitos de consumo que evoluem rapidamente, especialmente com o avanço das compras digitais.
Mesmo assim, o formato segue em expansão e já representa parte significativa do abastecimento alimentar do país.
A combinação de custos operacionais baixos, compras em grande volume, logística eficiente e serviços enxutos explica por que Assaí e Atacadão continuam entregando preços mais baixos do que os supermercados tradicionais.
Essa lógica simples, mas altamente otimizada, mantém o atacarejo no centro das escolhas de quem busca economizar sem abrir mão do abastecimento completo.
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