“Um alívio”: homem que ficou cego após acidente em praça pública receberá indenização da Prefeitura de Goiânia
Decisão reconheceu responsabilidade da Prefeitura de Goiânia na ação

Após dois anos sem saber se conseguiria justiça depois de ser atingido por uma pedra arremessada por um aparador de grama — acidente que o deixou cego de um olho —, o cortador de tecidos Vinicius Rodrigues Araújo Braz, de 30 anos, obteve parecer favorável e receberá uma indenização de R$ 120 mil, a título de danos morais e estéticos, além de uma pensão vitalícia no valor de R$ 379,50.
A decisão foi proferida pela juíza de Direito Raquel Rocha Lemos, que reconheceu a responsabilidade da Prefeitura de Goiânia na ação.
“A omissão estatal na adoção de medidas protetivas e preventivas configura violação ao dever constitucional de garantir ambiente de trabalho seguro e salubre (artigo 7º, XXII, da Constituição Federal, aplicável por extensão aos servidores públicos), bem como ao princípio da segurança jurídica e da proteção à integridade física dos munícipes”, diz a magistrada na decisão.
Ao Portal 6, Vinicius contou que o acidente ocorreu no dia 23 de outubro de 2023, no momento em que passeava com a família em uma praça pública que fica na Rua João Marques de Abreu, no Residencial Buena Vista.
Em determinado momento, ele foi atingido no olho esquerdo por uma pedra lançada por um equipamento de aparar grama operado por um servidor da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). De acordo com ele, o maquinário funcionava sem qualquer proteção adequada.
“No ato, eu já caí no chão com a minha filha, que estava no meu colo, e meu sogro me levou ao Cais do bairro Goiá. Depois, fui encaminhado ao Banco de Olhos, onde já marcaram a cirurgia. Fiz uma sutura e constou que o corte tinha 7 milímetros, mas eu não sabia que perderia a visão. Uma ou duas semanas depois, falei para a médica que não estava enxergando, mas disseram que podia ser algum resíduo de sangue. Quando tiraram os pontos, viram que eu realmente não enxergava”, relatou.
Posteriormente, após exames mais detalhados, foi constatada atrofia de retina externa decorrente de lesão ocular grave, o que resultou na perda total da visão do olho esquerdo. O sentimento, segundo ele, pode ser resumido em uma palavra: susto.
“Fiquei em choque, porque não pensei que poderia perder a visão. Já tive alguns problemas no olho na infância e foi um grande susto. Fiquei pensando no que faria para sustentar minha família, mas não podia ficar pensando apenas no problema, porque tinha a minha família”, disse.
Impacto
Além dos abalos psicológicos, Vinicius afirma que teve a vida impactada em diversas áreas, começando pela profissão.
Em decorrência do tempo de recuperação, que durou 2 semanas, ele relata que chegou a perder uma cliente que era responsável por metade da renda que recebia na época.
“Impactou absolutamente em tudo. Para dirigir, preciso de muito mais atenção, porque a visão panorâmica acabou. O campo de visão reduziu, tenho que ficar muito mais atento e fico com medo”, desabafou.

Cortador de tecidos Vinicius Rodrigues Araújo Braz, de 30 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Após anos de luta, ele afirma que o sentimento atual é de alívio.
“É um sentimento de alívio. Muitas vezes eu cheguei a duvidar que conseguiria justiça, porque não havia câmeras, e fiquei completamente refém da testemunha e da juíza”, concluiu.
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