Gás de cozinha em Goiás está entre os mais caros do país
Especialistas analisam como efeito inflacionário pode repercutir no cotidiano das famílias de Goiás e nas Eleições de 2022
O mais recente relatório da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com dados colhidos entre os dias 27 de março e 02 de abril, trouxe dados alarmantes para Goiás.
Isso porque no estado, o botijão de gás de 13kg foi encontrado por preços de até R$150, sendo o 6º mais caro do país. Além disso, o valor médio comercializado para a população goiana está na faixa dos R$122,26.
Isso significa que cerca de 12% do salário mínimo se destina exclusivamente para uma unidade do produto, vital para as famílias de Goiás.
O Portal 6 foi atrás de especialistas para entender como esse alto custo pode afetar o bem-estar dos moradores goianos e de que forma isso poderia se refletir nas Eleições de 2022.
O economista Aurélio Troncoso afirmou que esse aumento no valor do gás de cozinha é preocupante para as famílias de baixa renda, que já precisam se desdobrar para equilibrar as finanças.
“[12%] é um volume muito grande. Se somar com o preço da cesta básica em Goiânia [R$641 em fevereiro], mais de 65% do salário já foi embora e a família ainda tem que pagar outras despesas, como energia elétrica, água, que também aumentaram”.
“Isso impacta muito na vida das pessoas, que deixam de comprar itens para conseguir pagar o gás de cozinha. Não por acaso, usar fogão à lenha voltou a ser uma realidade, uma alternativa para economizar”, complementou.
Em um âmbito mais voltado para as Eleições de 2022, o cientista político Guilherme Carvalho apontou que essa questão da alta de preços no botijão reflete nas discussões a respeito de fome, que deve ser uma questão constante.
“As pesquisas demonstram que, muito provavelmente, os temas econômicos, especialmente relacionados à alimentação e fome, serão pautas que liderarão os debates eleitorais em 2022.”
“Os líderes políticos serão fortemente questionados a respeito das políticas voltadas à essa temática, em todas as esferas, seja estadual ou federal”, complementou.
Guilherme apontou que, em Goiás, essa questão deve afetar a campanha para reeleição de Ronaldo Caiado (DEM) ao governo, mas como uma disputa com o presidente Jair Bolsonaro.
“O que provavelmente acontecerá é que o Poder Executivo vai tentar jogar a responsabilidade pelos aumentos de preço nos governantes que atualmente ocupam os cargos.”
“Cabe ao Caiado dar explicações, de uma forma que a população consiga entender, que o poder de intervenção do governo [estadual] sobre o preço desses produtos é bem menor do que o poder do Governo Federal”, complementou.