Produtores rurais de Anápolis temem falta d’água sem projeto para sistemas de irrigação
Reclamação é antiga, e secretaria garante que há estudos para viabilizar implantação
Uma das alternativas para otimizar a produção rural e, consequentemente, baixar os preços dos produtos do campo, as redes de irrigação ainda são pouco presentes em Goiás.
Dados da Secretaria de Estado de Agricultada, Pecuária e Abastecimento (Seapa) mostram que a tecnologia existe em cerca de 270 mil hectares de terras produtoras em território goiano.
Mas a realidade dos agricultores de Anápolis é bem distante desse ideal. Muitos enfrentam limitações referentes ao uso de água nas lavouras. Questões geográficas, como a ausência de grandes rios na região, contribuem para isso.
Nos últimos anos, com avanço de pesquisas e experimentos, ficou comprovado áreas irrigadas trazem rendimentos maiores e gastam menos.
De acordo com o produtor rural anapolino, Marcos Antônio, falta “terra, água e investimento”. “Você acompanha o problema do Piancó hoje, abriu questões com a Saneago, não pode ser usado porque precisa dele para suprir a cidade”, afirmou.
“Todos os rios são nascentes, nenhum rio grande passa em Anápolis. Na Bahia, por exemplo, existe o São Francisco. Luiz Alves, em Goiás, desvia do Araguaia”.
Na propriedade, Marcos utiliza apenas os recursos da chuva. “As regiões que eu atuo não têm água disponível. Prejudica”, concluiu.
Segundo o gerente de Agricultura Irrigada da Seapa, Vitor Hugo Antunes, há partes do estado, porém, que já desenvolveram sistemas mais robustos.
“A região de Cristalina, com cerca de mil metros de altitude, tem produtividade alcançada de quase 200 sacos por hectares de milho, 95 sacos por hectares de soja, com garantia de produção”, comemora.
“Isso demonstra para o resto de Goiás que essa área deve ser ampliada. O produtor tem de entender que apenas com irrigação nós teremos garantias e aumento de produtividade em grãos e produtos hortifrutigranjeiros”, continua.
Segundo ele, existem várias ações da pasta na região de Anápolis, principalmente em relação a bacia do Ribeirão Piancó e do Rio Meia Ponte, localizado em Goiânia.
“Trabalhamos na conservação da água e do solo, porque esses dois são hoje, no período da seca, críticos no abastecimento das cidades”.
Vitor Hugo ainda alega que os produtores anapolinos são assistidos pela Seapa, com incentivos fiscais e crédito subsidiado.
“O produtor deve procurar tanto a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), como a Secretaria de Agricultura, se quiser alguma orientação em relação a isso”, explicou.
Benefícios
José Ricardo Caixeta Ramos, Superintendente de Engenharia Agrícola e Desenvolvimento Social da Seapa, diz que um dos principais pontos de projetos de irrigação modernos é economizar os recursos naturais.
“Contribui muito, porque utiliza muito menos água. Nisso nós temos uma economia de água, mais disponibilidade hídrica e também economia financeira, porque ele gasta 10% menos que um sistema tradicional”.
Questões de produtividade também são sanadas, como o excesso de umidade que, segundo o superintendente, pode trazer doenças e pragas, aumentando os custos e diminuindo a eficiência na produção.