Páginas de jornal já mostravam há 70 anos o que ainda não mudou em Anápolis e muitos sentem falta

"Anápolis é uma cidade pobre de meios de diversão. Não possui quase nada que ofereça aos seus moradores a recreação necessária ao seu espírito"

Davi Galvão Davi Galvão -
Páginas de jornal já mostravam há 70 anos o que ainda não mudou em Anápolis e muitos sentem falta
Artigo “Cidade sem diversões”, da edição de 24 de abril de 1952. (Foto: Reprodução)

Cidade sem diversões. Curto, grosso e sucinto. Este foi o título marcante do artigo escrito por Juvenal de Barros, no jornal O Anápolis, em 24 de abril de 1952. Tal pensamento está a par com a forma com a qual o jornalista, e grande parte da população encarava a cidade na época, e até nos dias de hoje.

Ao longo do texto, o saudoso profissional não segurou as críticas acerca do município, mais especificamente com a ausência de atividades voltadas para o lazer.

“Anápolis é uma cidade pobre de meios de diversão. Não possui quase nada que ofereça aos seus moradores a recreação necessária ao seu espírito”, foi a forma com a qual escolheu começar o texto.

Nas linhas seguintes, até afirma que um ou outro estabelecimento tentava ir contra a maré, como o antigo Cinema Santana e o Imperial. Fato é que, para Juvenal de Barros, a cidade, à época com 65 anos, deveria ter muitas outras opções.

E que dizer agora, com Anápolis já comemorando 115 anos de existência, mas ainda assim considerada por muitos como uma cidade parada, quase que totalmente ofuscada pelas noites da capital.

Para Claudiomir Gonçalves, pesquisador da história do município e criador do perfil @anapolisnarede no Instagram, embora a cidade tenha indubitavelmente evoluído nos últimos anos, essa questão ainda deixa muito a desejar.

“Anápolis, nunca foi uma cidade com grandes atrativos naturais, como é o caso de Pirenópolis, por exemplo. Mas nas décadas de 40 até 70 foram fundados vários clubes, como o CRA, Ipiranga, Lírios dos Campos, além dos cinemas que a gente tinha, o Santana, Imperial e alguns outros”, comentou.

Entretanto, vários desses atrativos desapareceram da cidade tão subitamente quanto surgiram, especialmente no final da década de 90 e começo dos anos 2000, como explica o historiador.

Exemplo claro, foi o zoológico de Anápolis, que pode até parecer estranho para  a geração mais nova, mas aqueles com mais tempo de casa com certeza se lembram do local, no tão abandonado Parque da Matinha, acrescenta Claudiomir.

Assim, resta aos anapolinos alternar entre os já conhecidos pontos, como o Parque Ipiranga e o da Jaiara, que ainda atraem um movimento considerável; e os tradicionais punhados de bares e restaurantes, concentrados quase que exclusivamente no Jundiaí e região Central.

Ao que parece, apesar dos mais de 70 anos que separam o artigo de Juvenal de Barros e os dias atuais, a cidade de Anápolis, ainda que tenha mudado bastante, parece intransigente em certos aspectos.

 

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