Especializada em maconha medicinal, associação de Goiânia se tornou referência no tratamento de pacientes
Com uma história emocionante, primeiro caso tratado foi o do pai do próprio fundador e trajetória chegou a ser contada no programa da Fátima Bernardes
Em solo goiano, estado famoso pelo conservadorismo, pode parecer inimaginável o cultivo e uso de maconha para fins medicinais. Contudo, a primeira associação para pacientes da planta em Goiânia já completa quatro anos de funcionamento e apresenta casos que tiveram as vidas mudadas.
Ao Portal 6, o fundador e filho do homem cujo nome batiza a iniciativa, Filipe Suzin, revelou como foi o surgimento da Curando Ivo e ainda apontou questões que surgiram com o crescimento do grupo.
“O projeto e o próprio nome, Associação Curando Ivo, surgiram pelo movimento de um filho compartilhando a história da família, nas redes sociais. O vídeo que publiquei viralizou no dia 23 de abril de 2019. Após um ano e meio, a associação surgiu”, relatou.
O senhor Ivo, pai do fundador, sofre com alzheimer em estágio avançado e apresentava dificuldades para realizar atividades essenciais. Dentre os episódios, ocorria ate violência contra o filho e a esposa, em meio à momentos nos quais ele se sentia perdido e não lembrava o que estava acontecendo.
Entre esses e outros efeitos da doença, como a falta de apetite e envolvimento em atividades no geral, Filipe viu a situação ir da água para o vinho quando começou a tratá-lo com óleos caseiros à base de maconha.
“Foi através dessa demanda que tudo surgiu. Era o estado que deveria proporcionar os cuidados, mas percebemos que teria que partir de nós, de associações e iniciativas independentes. Quem tem dor tem pressa, então reuni essas pessoas que acreditavam no processo para propagar aquela esperança, constatada na minha casa, para pessoas que sofrem com alzheimer, câncer e outros”, contou.
Após passar até pelo programa da Fátima Bernardes em 2019, devido ao grande alcance tido na internet, surgiu uma associação que mobiliza profissionais de diversas áreas, em contato com produtoras de maconha medicinal de outros estados. Surgiram parcerias até com órgãos públicos.
“Temos 30 associados, hoje em dia. Prestamos assessoria, de modo que eles têm acesso ao óleo e aos tratamentos à base de cannabis com um acompanhamento multiprofissional, com psicólogos, nutricionistas, agrônomos e outros. Firmamos parcerias com a Universidade Federal de Goiás (UFG), tratando pacientes com parkinson, alzheimer, autistas, pessoas com esclerose múltipla e outras doenças neurodegenerativas” revelou.