Justiça alemã encerra processo contra brasileiras presas injustamente por tráfico, diz advogada
Caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu seis suspeitos de participarem do esquema
FRANCISCO LIMA NETO
O processo criminal na justiça alemã contra Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, “foi completamente encerrado” e “ambas foram consideradas inocentes”, disse a advogada Luna Provázio, que representa as brasileiras.
Em março deste ano elas tiveram a identificação da mala trocada no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e foram presas em Frankfurt sob a acusação de levar 40 kg de cocaína na bagagem. As duas permaneceram presas por 38 dias até serem liberadas após a comprovação de que eram inocentes.
O caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu seis suspeitos de participarem do esquema que troca etiquetas de bagagens para enviar drogas ao exterior.
O método de ação dos criminosos, segundo as autoridades, consiste em retirar aleatoriamente etiquetas de bagagens despachadas e colocá-las em malas que contêm drogas. A operação já era conhecida pela PF, que investigava a quadrilha desde 2019, e há suspeita de ligação com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
A advogada disse que vai entrar com pedido de indenização contra todos os envolvidos no crime que vitimou Kátyna e Jeanne.
“Agora daremos início à ação de indenização contra o governo alemão e contra as empresas GOL e Dnata, que tiveram um dos seus empregados envolvidos diretamente no crime internacional de tráfico de drogas que ocorreu no aeroporto de Guarulhos, os quais participaram efetivamente para o ingresso das malas com drogas, conforme o relatório da Polícia Federal”, afirmou.
A GOL informou que, até o momento, não foi acionada judicialmente e, portanto, não fará comentários.
A Dnata foi procurada, mas não enviou posicionamento.
Segundo a PF, as malas de Kátyna e Jeanne foram conferidas e separadas da esteira, em uma área restrita, por dois funcionários. Eles retiraram a identificação e deixaram apenas uma etiqueta com o peso das bagagens.
Depois, na área de bagagens de viagens internacionais, um funcionário colocou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne nas bagagens com drogas, aproveitando-se de um ponto cego das câmeras. Todas as malas seguiram no voo para a Alemanha.
Entre maio e julho, a Polícia Federal fez operações que resultaram na prisão de dezenas de integrantes da quadrilha de troca de etiquetas. Entre os alvos estavam funcionários terceirizados do aeroporto de Guarulhos.