Entenda como abate de javalis pode ajudar a prevenir doença contagiosa em Goiás

Vírus pode ser transmitido para humanos até seis meses após a fabricação de embutidos

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Entenda como abate de javalis pode ajudar a prevenir doença contagiosa em Goiás
Peste Suína Clássica pode ser transmitida por contato direto. (Foto: Reprodução)

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) ressaltou a importância do abate de javalis para a manutenção não só da saúde da população, como da economia goiana.

No último sábado (20), foi realizada uma ação com 82 controladores da população dos animais, de Rio Verde. A prática é permitida desde 2013 por ser considerada uma espécie de fauna exótica.

Como ela não se encaixa no ecossistema natural da região, pode causar prejuízos para a agricultura e outros animais silvestres.

Contudo, para além do controle populacional, o abate ainda é um importante meio para fazer a vigilância da Peste Suína Clássica (PSC), uma vez que amostras de sangue dos animais abatidos devem ser submetidas à Agrodefesa.

Entenda

Ao Portal 6, a médica veterinária especializada em animais silvestres, Elisângela Sobreira, apontou que a doença é extremamente contagiosa e afeta todos os suínos, o que inclui os porcos de abate, assim como humanos.

“Ela é altamente contagiosa, oriunda do Leste e Sul da África. Pela semelhança com esse clima, a região goiana propicia a propagação”, apontou a especialista, responsável por ressaltar a vigilância do vírus em Anápolis.

“Se um animal tiver contato com o focinho, secreções, aerossóis, sangue, sêmen, pode contaminar o outro. Se ele beber água ou se alimentar no mesmo local, pode transmitir”.

Entre os sintomas para os animais, destaca-se a febre alta de até 42ºC, perda de apetite, hemorragia, dificuldade respiratória e letargia. Em alguns casos, provoca abortos e até óbitos em menos de 10 dias.

No caso de humanos, que também podem se infectar, os sintomas são semelhantes, incluindo a possibilidade fatal, sendo que os grupos de maior risco são crianças, idosos e também pessoas com baixa imunidade.

“Ela é uma doença que tem períodos de incubação em torno de 04 a 20 dias. Pode permanecer infeccioso nas fezes por até 11 dias, fica meses na medula óssea dos animais, 15 semanas na carne e, mesmo sendo refrigerada ou congelada, ainda permanece e pode contaminar o ser humano”, destacou. Em embutidos crus, o vírus pode ser encontrado até 06 meses após a fabricação.

Com isso, o agronegócio pode ser fortemente impactado, uma vez que não se pode exportar ou comercializar carnes contaminadas.

Diante deste cenário, a especialista reforça a importância da ação dos caçadores de javalis, assim como produtores. “A gente orienta que, se houver casos suspeitos, avise os órgãos de saúde e Agrodefesa. Temos que fazer o diagnostico rápido para controlar o vírus”, finalizou.

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