Poluição do ar em Goiânia está acima da média nacional e pneumologista faz alerta
Especialista explica que cenário pode levar ao agravamento e até desenvolvimento de doenças respiratórias a depender do nível de exposição
Goiânia está na lista das cidades que apresentam um cenário preocupante de poluição do ar. De acordo com o Painel de Monitoramento da Poluição Atmosférica, dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, a capital goiana já supera tanto a média estadual quanto e nacional.
O índice considera as partículas menores que 2,5 micrômetros presentes no ar. Em 2023, Goiânia registrou uma média de poluição atmosférica de 10,18. A média de Goiás é de 8,27, enquanto a média nacional é de 9,9. O cenário, segundo especialistas, oferece risco à saúde.
“Estudos apontam que as pessoas que trabalham em locais com muitas partículas pequenas, abaixo 2,5 micrômetros, apresentam mais queixas respiratórias e vão mais à emergência por sintomas respiratórios em compração com pessoas em outros locais”, explicou, ao Portal 6, o médico pneumologista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcelo Fouad Rabahi.
De acordo com o pesquisador, as partículas irritam o sistema respiratório, o que leva ao agravamento de quadros já prejudicados.
Portanto, o especialista destaca que o grupo mais afetado pela alta poluição são pessoas com doenças respiratórias pré-existentes, como asma, bronquite e enfisema, além de idosos e crianças. Nestes últimos casos, a baixa capacidade natural de defesa contra as partículas os torna mais vulneráveis.
O restante da população também é afetado diretamente pela poluição e pode, inclusive, vir a desenvolver problemas, conforme o médico. “Quem não tem tais doenças acabam sofrendo também, porque pode provocar sintomas passageiros, como tosse e secreção no peito. Se for uma exposição muito intensa, em locais muito poluidos, podem desenvolver uma doença”, afirma.
Agravantes
O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, explica que uma série de fatores contribuem para o cenário. Entre eles, as chuvas irregulares. “Estamos com 90 dias sem chuva na capital”, ressalta. Em um ambiente seco, a poeira circula pelo ar com maior intensidade, e com isso, acaba nos pulmões da população.
As queimadas, conforme André, são pontos centrais para explicar a poluição, uma vez que agrava não só o clima seco, como também a quantidade de partículas no ar. A concentração urbana e o crescimento sem ações sustentáveis também são fatores que aumentam a poluição, apontou.
Agosto, setembro e outubro são os meses mais preocupantes, tradicionalmente de estiagem. O painel aponta que as médias mensais são de 11,53, 11,99 e 12,86, respectivamente.
“Você só vai ver o céu limpo novamente quando voltar a ter a ocorrência de chuvas”, disse o gerente do Cimehgo.