Com alta depreciação, mercado de carros seminovos elétricos é desafiador em Anápolis

Mesmo com desafios atuais, empresários da área afirmar que o futuro ainda é de modelos eletrificados

Davi Galvão Davi Galvão -
Com alta depreciação, mercado de carros seminovos elétricos é desafiador em Anápolis
Song Plus, da BYD, prioriza o modo elétrico. (Foto: Eduardo Veículos)

Apesar do crescimento nas vendas de carros elétricos novos, impulsionado por incentivos fiscais e conscientização ambiental, o mercado de seminovos ainda não acompanha essa tendência.

Dúvidas sobre a durabilidade das baterias, o alto custo de reposição e a escassez de postos de recarga são alguns dos fatores que deixam consumidores e revendedores cautelosos, afetando o valor de revenda e aumentando, muito, a desvalorização e o potencial de expansão do setor.

Em entrevista ao Portal 6, Eduardo Rezende, proprietário da Eduardo Veículos, especializada na compra e venda de automóveis, destacou que, de fato, a procura por carros elétricos na cidade tem sido bastante reduzida.

Em um comparativo, Eduardo comentou que a média mensal de saída de veículos à combustão na concessionária é de 100 modelos. Já para os elétricos, esse número é reduzido para um ou dois, no máximo. Outro ponto bastante desafiador e que pesa na escolha do cliente tem a ver com a desvalorização.

“Falando de um carro à combustão, a depreciação média é em torno de 10 a 15% em relação à tabela Fipe, enquanto, para o elétrico, especialistas já cogitam que flutue em até 30%”, pontuou.

Apesar disso, Eduardo explicou que ainda há modelos que não são tão afetados por esse aspecto do mercado, como é o caso do BYD Song Plus, que, por ser híbrido, consegue se manter com uma taxa semelhante aos movidos a combustível. Agora, carros exclusivamente elétricos, como o BYD Seal, sofrem integralmente com essa desvalorização.

Atualmente, para ele, não compensa, para as garagens comprarem veículos e fazerem o revende, pois a margem de lucro não torna o negócio viável.

“É melhor a gente fazer a consignação do carro, para que, em uma eventual negociação, o cliente que vende o carro pague apenas a intermediação da loja”, contou.

O garagista ainda apontou que a falta de estrutura – não só na cidade, mas também no país – para atender a demanda de veículos elétricos, é um dos fatores que dificulta passar os veículos para frente.

“As empresas estão investindo pouco nesses setores para fazer esse carregamento. Então se você tem esse carro e não pode fazer uma viagem, imagina o transtorno que pode acontecer”, exemplificou.

Baterias. Esse é o ponto que ainda deixa muitos clientes receosos na hora de optar por um elétrico. Thiago Cardoso, gestor da Radial Automóveis, explicou que o preço desses componentes, bem como a preocupação com a vida útil, configuram um grande obstáculo no momento da revenda.

“As baterias têm uma vida útil média de 15 anos, o que já desestimula o cliente, que fica com uma preocupação a mais. Mas isso sem contar acidentes. No caso do Mini Cooper elétrico, por exemplo, a bateria fica exposta embaixo do carro e, dependendo de onde passar, como um buraco ou um quebra-molas mais elevado, pode ser danificada e precisar ser trocada. Aí, quando você vai ver, o preço é mais caro do que o carro em si”, explicou.

Apesar das ressalvas, Thiago ainda nutre uma visão otimista acerca do futuro dos elétricos e acredita que os clientes que possuam esses veículos não precisam entrar em pânico.

“O carro à combustão, movido a gasolina, já tem quase dois séculos. Foi todo esse tempo de avanços, pesquisas e desenvolvimento de estratégias mais eficazes e baratas. O carro elétrico é novidade; ainda não demos tempo para a ciência desenvolver modelos que realmente competem com os movidos a gasolina. Precisamos esperar, mas, eventualmente, os elétricos serão, sim, o futuro”, concluiu.

Com relação à vida útil das baterias, preocupação de vários motoristas, Eduardo também comentou que a expectativa é de que o comportamento do mercado também estimule as empresas a desenvolverem alternativas mais viáveis, que custem menos e durem mais.

Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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