Medicamento vira moda entre ansiosos e acende alerta em médicos do Brasil

Em vídeos e postagens nas redes sociais, influenciadores começaram a citar o uso desse remédio como uma “solução rápida” para controlar sintomas físicos da ansiedade

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Medicamento vira moda entre ansiosos e acende alerta em médicos do Brasil
(Foto: Reprodução/ Agência Brasil)

O medicamento que antes era conhecido apenas por tratar problemas cardíacos agora virou assunto entre jovens e adultos que sofrem de ansiedade.

Em vídeos e postagens nas redes sociais, influenciadores começaram a citar o uso dos chamados betabloqueadores como uma “solução rápida” para controlar sintomas físicos da ansiedade — como coração acelerado, mãos trêmulas e suor excessivo.

Mas, apesar de parecer uma alternativa inofensiva, médicos alertam: esse tipo de medicamento deve ser usado com muito cuidado e sempre com orientação profissional.

Medicamento vira moda entre ansiosos e acende alerta em médicos do Brasil

O betabloqueador é um tipo de medicamento criado para tratar doenças cardíacas.

Ele age bloqueando os efeitos da adrenalina no corpo, diminuindo a frequência cardíaca e a pressão arterial. Isso faz com que sintomas como tremores e taquicardia — comuns em momentos de nervosismo — fiquem menos intensos.

Por isso, o remédio começou a ser usado, de forma pontual, por pessoas que sofrem de “ansiedade de desempenho”, como medo de falar em público, fazer provas ou apresentações.

Especialistas explicam que, quando usado corretamente e com acompanhamento, o medicamento pode, de fato, ajudar nessas situações específicas.

No entanto, ele não atua sobre a causa da ansiedade, apenas nos sintomas físicos. Ou seja, a sensação de medo, preocupação e tensão permanece.

Por que o uso sem orientação é perigoso

Mesmo sendo um medicamento antigo — criado na década de 1960 —, seu uso voltou a crescer nos últimos anos, impulsionado pela internet e pela cultura da produtividade.

Segundo médicos, esse aumento preocupa. O uso indevido pode causar queda de pressão, desmaios, crises de asma e até mascarar doenças cardíacas.

Além disso, há o risco de dependência psicológica, quando a pessoa passa a acreditar que só consegue lidar com situações difíceis se tomar o remédio antes.

De acordo com cardiologistas, o medicamento deve ser prescrito de acordo com a condição de cada paciente.

Pessoas com pressão baixa, idosos e quem tem problemas respiratórios precisam de atenção redobrada.

O uso sem avaliação médica é fortemente desaconselhado.

O verdadeiro tratamento da ansiedade

Psiquiatras e psicólogos reforçam que o tratamento ideal da ansiedade envolve entender suas causas e não apenas bloquear os sintomas.

A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, é uma das abordagens mais eficazes.

Ela ajuda o paciente a reconhecer seus gatilhos e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis.

Os especialistas lembram que o medicamento pode até ser útil em situações pontuais, mas nunca deve substituir o acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

“É um medicamento para o coração, não para o medo”, resume o psiquiatra Luiz Scocca.

O alerta dos profissionais é claro: buscar soluções rápidas pode parecer tentador, mas cuidar da mente exige paciência, acompanhamento e autoconhecimento.

O equilíbrio vem quando corpo e mente são tratados juntos — e não apenas com o uso de um remédio.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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