Trânsito de Anápolis já matou mais de 50 neste ano e letalidade é seis vezes maior que em Goiânia
Índice de óbitos nas ruas e rodovias que passam pela cidade é de 13 a cada 100 mil habitantes
O trânsito de Anápolis já matou 52 pessoas em menos de cinco meses neste ano, segundo dados da Polícia Civil obtidos pelo Portal 6.
O número, proporcionalmente, é seis vezes maior que o de Goiânia. Na capital, também conforme a Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (DICT), foram 58 óbitos até o dia 15 de maio.
A estatística coloca Anápolis com 13 fatalidades a cada 100 mil habitantes. Já na cidade vizinha, esse índice é de dois por 100 mil moradores.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nas rodovias federais que cortam o município aconteceram 191 acidentes de trânsito até o dia 27 de maio de 2022.
Foram 231 pessoas feridas, sendo 58 com lesões e ferimentos graves. Destas, 18 tornaram-se vítimas fatais.
“Por ser uma região de encontro de rodovias importantes, Anápolis sempre tem uma quantidade considerável de acidentes”, disse o Chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Delegacia da PRF na cidade, Thiago Rodovalho.
Perdas dolorosas
A morte que mais chocou nos últimos dias, do jovem Cesar Sakai de Meireles Reis, de 24 anos, causou revolta e tristeza para família e amigos, e acendeu um sinal de alerta.
O atropelamento do rapaz trouxe uma sensação de injustiça para a população, já que o suspeito de matá-lo pagou uma fiança de R$ 2 mil e foi liberado.
O crime sequer foi registrado como homicídio, mesmo com o motorista dirigindo bêbado e fugindo sem prestar socorro.
“Não tem como não se sensibilizar com a imagem de uma mãe que no segundo dia depois da morte do filho não poder ficar em casa nesse leito de dor. Tem que levantar para pedir justiça, porque a nossa legislação e os operadores do direito são extremamente garantistas”, disse o delegado titular da DICT, Manoel Vanderic.
Imprudência
Para Vanderic, somente a imprudência dos motoristas explica índices tão elevados de violência no trânsito no município.
“Os fatores que mais causam [colisões fatais] são, embriaguez no volante, excesso de velocidade e celular. Não houve um período ou um evento específico como um show, nada disso. Não tem eventualidade nenhuma nesses crimes”, afirmou.
Segundo o delegado, campanhas de conscientização, melhorias nas vias e sinalização são pontos que merecem uma atenção maior do Poder Público. Porém, 90% das tragédias são causadas pelo ser humano.
Além disso, ele destaca que a população, em sua maioria, pouco se importa, ou até mesmo ignora, a “guerra que existe no trânsito”.
“Essa é uma característica do brasileiro de forma geral, mas aqui em Anápolis as pessoas, em cima da blitz com a viatura abordando, continuam assumindo a direção. Um completo desrespeito pela legislação e pela vida dos outros”.
Qualquer pessoa é um potencial infrator, ou vítima, e para o delegado, empatia deve ser a palavra chave.
“É preciso se colocar no lugar do outro. As pessoas tem a ideia de que crime só é praticado por quem é preto e pobre. Só que o assassino de trânsito tem o perfil de bom nível social e econômico, é integrado na sociedade, na igreja, bem sucedido”.
Trabalho integrado
Atualmente, a principal causa de morte da população jovem do país são os crimes de trânsito, que fazem milhares de famílias chorarem pelos filhos.
As Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal têm feito um trabalho em conjunto para coibir e reprimir essas ações.
“É uma novidade, porque antes a gente fechava os olhos, era relativizada a necessidade de intervenção criminal, inclusive”, disse Manoel Vanderic.
“O trabalho da PRF para reduzir acidentes é diuturno, realizando fiscalizações em todo o trecho de rodovia em que há grande incidência de acidentes”, garantiu Thiago Rodovalho.