Goiás é o estado mais perigoso do Brasil para quem quer andar de bicicleta

Números de acidentes são assustadores e ciclistas apontam qual é o maior problema que enfrentam

Emilly Viana Emilly Viana -
Foram mais de 1.200 registros de internações de ciclistas de Goiás em 2021. (Foto: Divulgação / DICT)
Foram mais de 1.200 registros de internações de ciclistas de Goiás em 2021. (Foto: Divulgação / DICT)

O número de ciclistas internados por acidentes de trânsito em Goiás teve crescimento de 101% no ano passado. Com o resultado, o estado passou a liderar a lista de entes federativos com maior crescimento percentual de sinistros graves com usuários de bicicleta em todo o Brasil.

Os dados são da Associação Brasileira de Medicina do Trânsito (Abramet), coletados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em números absolutos, foram 621 registros em 2020 e 1.251 em 2021. As vítimas de acidentes graves neste tipo de transporte também vêm subindo ano a ano, de acordo com a Abramet.

De 2019 para 2020, esse número apresentou aumento de 18%. A alta foi ainda maior entre 2018 e 2019, com 35% a mais de internações.

A maioria dos acidentados, segundo o estudo, está na faixa etária de 20 e 49 anos. É o perfil da técnica em prótese dentária Silvana Barbosa, que utiliza a bicicleta para trabalhar e, aos fins de semana, pedala com os amigos em trilhas e rodovias.

O percurso da casa ao trabalho da Silvana tem 10 km de extensão e, destes, menos de 1 km possui ciclovias. “Por incrível que pareça, é bem mais perigoso transitar dentro da cidade do que nas estradas com os caminhões . Às vezes eu tenho que subir em calçadas ou até andar na contramão”, conta.

Estudante de Educação Física, Adriana da Costa endossa a reclamação. “Na ida para o serviço, eu acabo fazendo alguns desvios pela falta de faixas exclusivas para nós, sei que não é muito correto, mas a gente fica sem alternativa”, expõe.

A estudante de Gestão de TI Wanessa Ramos diz que os novatos no pedal são os que mais sofrem. “Eu sempre falo para quem quer começar a pedalar, que precisa ter uma noção de trânsito, saber dirigir. Os desafios são diários, ainda mais sem ciclovias e falta de manutenção nas poucas existentes”, aconselha.

Poder público

Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) alega que Goiânia conta com cerca de 90 km de trechos cicláveis, e que a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) trabalha para aumentar esse quantitativo em 40% até o final de 2023.

Sobre a revitalização das ciclorrotas, a SMM informou que estão no cronograma, neste momento, 11 pontos no Setor Bueno, quatro no Setor Oeste, três no Pedro Ludovico e dois no Marista. Os demais receberão o serviço no segundo semestre.

A pasta diz que tem vistoriado e avaliado as condições de uso dos percursos e elaborado cronograma de manutenção e execução de novos trechos.

Foram inspecionados, conforme destaca a Secretaria, mais de 80 km de vias propícias à instalação de ciclovias em Goiânia.

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