Bares e restaurantes de Goiás têm “apagão” de mão de obra após pandemia
Somente em Goiânia são cerca de 1 mil vagas. Representantes da categoria apontam que trabalhadores deixaram de se qualificar ou mudaram de profissão
Ao passar em frente a bares e restaurantes, é comum se deparar com anúncios de vagas de emprego. Os empresários, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Goiás (Abrasel), estão desesperados atrás de cozinheiros, auxiliares, copeiros, chapeiros, bartenders e garçons.
Ao Portal 6, o presidente da Abrasel, Danillo Ramos, explica que o setor da alimentação fora do lar sempre teve alta rotatividade de funcionários. Porém, desta vez, a realidade é diferente: os estabelecimentos goianos vivem um verdadeiro “apagão” de mão de obra, apesar dos mais de 343 mil desempregados no estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A dificuldade sempre existiu, mas agora acontece de maneira mais intensa. Houve uma desorganização no mercado gerada pela pandemia, com a demissão em massa durante a paralisação das atividades e necessidade de recontratação logo depois”, conta.
Atualmente, só em Goiânia, o déficit no segmento chega a 1 mil vagas. “Cidades turísticas como Pirenópolis também têm sofrido bastante com o problema, que é de difícil solução. Não há disponibilidade de pessoas em trabalhar em bares e restaurantes e há também uma baixíssima qualidade de formação”, afirma.
Dados da Abrasel também apontam que 25% dos empregados do setor são jovens na primeira experiência de trabalho. “O setor tem essa característica de formar o trabalhador, outro fator que dificulta a captação de mão de obra”, pontua.
Mudança de perspectiva
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Bares e restaurantes (Sechseg), Marlos Luz, a pandemia também fez com que muitos buscassem outros empregos ou mudassem de cidade.
“Temos muitos nortistas e nordestinos na área, que acabaram voltando para suas cidades de origem com a crise e a série de demissões no setor. Outros entraram trocaram de profissão e seguiram nesse novo mercado”, expõe.
Para enfrentar a escassez, a entidade está investindo em qualificação profissional. Com parceria do Senac, o Sindicato tem promovido cursos gratuitos para formar jovens garçons e cozinheiros. Mesmo assim, a organização tem dificuldade em preencher todas as vagas disponíveis.
“A gente tem se esforçado ao máximo para levar formação a estas pessoas, porém, nota-se um desinteresse”, aponta.
O piso salarial mínimo da categoria é R$ 1.362,00 atualmente. Segundo o presidente do Sechseg, em casos mais raros, como em bares famosos ou de alta gastronomia da capital, a remuneração pode chegar a 7 mil. “Isso, claro, contando o 10% do atendimento. O estabelecimento não é obrigado a repassar o valor, mas é uma tradição transferir ao garçom”, argumenta.