Contaminação da Varíola dos Macacos pode sair do controle em Goiás por esses motivos
Diagnóstico que confirma ou descarta a doença não é feito no estado. Infectologista faz alertas e aponta medidas necessárias
A demora entre a coleta de exames para o diagnóstico de Monkeypox – mais conhecida como varíola dos macacos – e a liberação do resultado dos testes está prejudicando a contenção de novos casos da doença, avalia o infectologista Marcelo Daher. “Se a gente burocratizar demais a logística, vai haver crescimento de subnotificação e dificuldade no controle da infecção”, aponta.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) revelou ao Portal 6 que hoje o processo leva de 05 a 07 dias. As amostras, segundo a pasta, são encaminhadas pelo Laboratório Estadual Central de Saúde Pública Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) para o Laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), referência na realização desse tipo de exame.
O ideal, segundo Marcelo Daher, é reduzir esse tempo para 24 horas. “É possível fazer parcerias para essa redução. Os pacientes já tem deixado de procurar as unidades, muito por medo da quarentena que pode durar até 30 dias dependendo do caso, então a demora é um favor negativo”, avalia.
Além de acelerar os resultados, o especialista diz que as capacitações da Saúde precisam ser frequentes, objetivas e práticas. “As secretarias têm que promover mais formações, porém tem de ser curtas, sem levar quatro ou cinco horas, de modo a contemplar também os médicos. Em uma hora você passa esse conhecimento prático e capacita o profissional a identificar e lidar”, indica.
Até último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), nesta terça-feira (02), Goiás soma 35 casos confirmados pela secretaria.
Destes, 29 são de Goiânia, 03 em Aparecida, 01 em Inhumas, além de 01 caso em Itaberaí e Luziânia. A SES ainda investiga 53 casos suspeitos, inclusive de cidades sem registros oficiais como Formosa, Valparaíso, Abadiânia de Goiás, Chapadão do Céu e Jaraguá.
Até agora, apenas homens foram infectados. Os contaminados têm entre 23 e 43 anos. “Adultos do sexo masculino são os mais afetados até aqui, mas também já começamos a observar uma predominância em crianças. A doença vai se espalhar mais, mas creio que o perfil dos pacientes ficará abaixo dos 45 anos, por uma imunização contra a varíola realizada lá atrás”, reflete o infectologista.