Obstáculos para lidar com população em situação de rua fazem insegurança crescer em Anápolis
Legislação impede ações compulsórias e, apesar da atuação de secretaria, muitos optam por permanecer nas ruas
Há em Anápolis uma preocupação crescente com a concentração de pessoas em situação de rua na região central da cidade. Elas, normalmente, abrigam-se e reúnem-se sob o viaduto da Avenida Brasil com a Goiás e a movimentação é intensa.
Segundo a diretora de Proteção Social Especial da Prefeitura, Márcia Jacinta, muitas dessas pessoas sofrem com dependência química e romperam laços com a família.
O perfil de vulnerabilidade e vício leva muitos deles a delinquir. O cenário causa uma sensação de insegurança na região que é o coração do município.
A Secretaria de Integração Social, Esporte e Cultura garante que oferece opções a essa população. Contudo, a maior parte prefere continuar nas ruas.
“Nós não podemos ir lá e retirar contra a vontade deles da rua. O nosso papel enquanto assistência social é ofertar as políticas públicas para que eles retornem as suas famílias, esse é o nosso trabalho”, afirmou Márcia.
A própria legislação proíbe a remoção com internação compulsória de eventuais dependentes químicos. A Prefeitura afirma que faz tudo aquilo que pode para amenizar o problema.
“Ofertamos trabalho, regularizamos documentos e oferecemos dignidade e condição para que eles possam voltar para casa”, frisou a diretora. Ela ainda lembra que há abrigos que podem recebê-los, desde que eles queiram permanecer por lá.
Insegurança nas ruas
A preocupação cresce à medida que alguns destes moradores, sobretudo dependentes químicos, se envolvem em crimes como furtos e roubos. Recentemente, um incêndio causado por pessoas em situação de rua destruiu galerias pluviais no Centro e causou problemas no trânsito após a interdição do cruzamento da Brasil com a Goiás para reparos.
O delegado Daniel Nunes, titular do 3º Distrito Policial, acompanha de perto a situação. Ele relatou ao Portal 6 que a situação é muito complicada e seria necessária uma ação conjunta entre a Prefeitura, e as polícias Civil e Militar para tentar buscar uma solução.
Para ele, o maior problema é o fato de que permanecer nas ruas é uma opção para esses moradores.
“Abrigo tem, o problema é que lá eles não podem usar droga, não podem manter relações sexuais, precisam tomar banho e seguir uma série de regras, o que não existe nas ruas”, apontou.
“Então, a questão não é falta de abrigo, não é uma questão só social, é uma questão de opção deles de poder continuar usando drogas e praticar os crimes que praticam”, completou.