Especialista aponta ações para evitar alagamentos e inundações em Anápolis
Professora da UEG cita que canalização é um erro e apela para ampliação de área permeável
A volta do período chuvoso sempre liga o sinal de alerta em Anápolis. Inundações e alagamentos são comuns na cidade e, por vezes, há prejuízos. Neste ano, o problema foi escancarado por três mortes que se deram numa noite de chuva torrencial.
Embora a previsão do tempo e a Defesa Civil atuem para minimizar riscos, há ações a serem tomadas. Segundo a professora de Geografia da UEG, Késia Rodrigues, o primeiro passo é definir o que não fazer.
“Canalização não resolve porque aumenta a velocidade do fluxo da água e intensifica a ocorrência de inundação. Alargar o canal e aprofundar seu leito não resolve porque tira a rugosidade, que seriam as marcas do canal, as rugosidades dificultam a passagem da água e deixa o fluxo mais lento. Também pode modificar o nível de base do rio e fazer com que haja mais erosão na parte superior da bacia hidrográfica”, apontou.
“Aumentar o tamanho do bueiro também não resolve. Aqui nunca é dimensionado para a capacidade máxima do canal e continua extravasando”, complementou.
Segundo Késia, o ideal para as áreas de inundação de Anápolis seria fazer com que água infiltrasse antes de chegar no canal.
“Por exemplo, se nos lotes tivesse uma área permeável, que até tem na lei, mas na prática é pouco encontrado, já seria uma grande quantidade de água que não iria para a rua”, afirmou.
“Caso a pessoa não queira um jardim ou algo parecido, poderia instalar um sumidouro, que nada mais é que uma manilha cheia de brita que ocupa um lugar pequeno e consegue infiltrar bastante água. Isso poderia ser incentivado no IPTU, por exemplo”, complementou.
A especialista também aponta que a cidade necessita de mais jardins de chuvas nas áreas públicas para amenizar os problemas causados pelas chuvas, assim como parques lineares que amortecem a inundação nas áreas não ocupadas.
Amazilio Lino
De olho na região em que as inundações são mais comuns, a rua Amazilio Lino, a professora destaca que “o ideal ali seria que a rua passasse por cima da planície de inundação, uma ponte e não um bueiro. E os imóveis daquele local específico precisariam ser retirados. Diferente da maioria da cidade que não demandaria desapropriação”.
Por fim, Késia conclui apontando que “emergencialmente seria interessante colocar uma grade de proteção que impediria que os carros caíssem no córrego”.