Goiânia avança a passos lentos na inclusão de pessoas trans e travestis, analisa ativista
Além disso, em 2022, se posicionou em 11º lugar entre capitais que mais mataram no país
A Parada LGBTQIAPN+ de Goiânia será realizada no dia 25 de junho para abrir a Semana do Orgulho na capital. A expectativa é de reunir 100 mil pessoas, de acordo com a equipe organizadora, composta por uma série de Organizações Não-Governamentais (ONGs), com o tema Transfobia Mata!.
Será a 28ª edição do evento, que ocorre anualmente, sendo que o tema escolhido retrata uma realidade que acompanha pessoas trans e travestis, principalmente, em Goiânia.
Ao Portal 6, a acadêmica de direito e estagiária do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado (DPE), Rayanne Eduarda Brito, de 35 anos, aponta que a capital precisa caminhar muito para se tornar um local acolhedor.
Em 2022, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) posicionou Goiás na 11ª posição entre os estados que mais matam. “Goiânia é uma cidade muito conservadora, em um estado com o mesmo viés. Transicionar aqui é uma situação bem crítica, afinal, é a quinta capital que mais mata pessoas trans e travestis”, disse Rayanne.
A acadêmica é uma mulher trans que transiciou aos 15 anos em 2003, época em que relata ter sido ainda mais difícil. “Hoje em dia, temos mais condições, apesar de ainda existir problemas. Primeiro pela quantidade de informação disponíveis para as pessoas. Há 10, 15 anos, nem sabiam o que era transsexualidade”, relembra.
“Segundo que hoje temos um pouco de apoio, como é o caso do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) no que diz respeito à redesignação sexual”. No entanto, diversos problemas persistem.
Para a estudante de jornalismo e artista plástica, Zaia Angelo, a empregabilidade segue sendo um ponto de atenção. “Não adianta contratar se você não sabe receber uma pessoa trans no ambiente”, disse a jovem trans, de 21 anos.
Ela reforça que para além de abrir vagas afirmativas, é importante capacitar toda a empresa para que não haja episódios de preconceito. Além disso, a capital apresenta outro problema que acomete essa população: a falta de acesso à saúde.
De acordo com Rayanne, falta um olhar delicado do poder público, por meio de programas que atendam as demandas de pessoas trans e travestis. “Geralmente, sofremos crimes acompanhados de ódio, como estrangulamento, facadas, tiros. Então, o sistema de saúde, junto com a segurança, precisa saber como lidar com isso”, afirma a acadêmica.
Ambas as mulheres acreditam que Goiânia avança a passos lentos quando diz respeito à inclusão desta população, impulsionada principalmente por grupos ativistas. Enquanto a cena de ballroom – uma tipo de desfile originada pela comunidade LGBTQIAPN+ que vem ganhando força na capital, abre espaço para expressão e acolhimento – grupos como a Unitrans se esforçam para garantir direitos básicos.
“A cena LGBTQIAPN+ em Goiânia vem crescendo nos últimos anos. Temos nomes muito fortes na militância de pessoas que já construíram história, além de uma alta adesão de jovens. A chave para que tenhamos avanços é juntar a experiência com o vigor e novas ideias daqueles que estão chegando agora. Acredito que Goiânia pode melhorar muito em 07 ou 08 anos”, aponta Rayanne.