Pastor que criou ‘campos de concentração’ em Anápolis está em ala especial da cadeia para não ser linchado
Rotina dele, e dos funcionários detidos, também precisa ser diferente de outros privados de liberdade
O pastor Angelo Mario Klaus Junior, responsável por duas clínicas clandestinas, comparadas com ‘campos de concentração’ e que foram desmanteladas pela Polícia Civil, está sendo mantido preso em uma ala especial da cadeia pública de Anápolis.
O Portal 6 apurou que o espaço em que ele está alocado, chamado de “segura”, tem celas individuais e é reservado para pessoas suspeitas de crimes como estupro e violência doméstica e fica afastado de outros detentos.
Isso porque o caso de maus-tratos poderia ter uma recepção negativa por parte dos internos e resultar em linchamentos.
A ala em que o pastor está também tem horários próprios para banho de sol, justamente para que ele não se aproxime dos demais. Já a alimentação é a mesma recebida por outros privados de liberdade.
Também estão em celas separadas, nesta mesma ala, os funcionários das clínicas que foram detidos durante a operação.
Relembre
A descoberta das clínicas chocou todo o país pelas cenas deploráveis de idosos, pessoas com deficiência e dependentes químicos vivendo amarrados à camas, urinando em potes e nas próprias roupas, necessitando de cuidados médicos e alimentação adequada.
Ao todo, mais de 90 pessoas que estavam em cárcere privado foram resgatadas de casas geridas pela instituição, chamada Amparo Centro Terapêutico.
O primeiro flagrante aconteceu no dia 29 de agosto, sendo seguido por outro considerado ainda pior, encontrado no dia 31. Em um primeiro momento, o pastor Klaus chegou a fugir.
A esposa dele, pastora Suelen Klaus, porém, foi presa juntamente com outros quatro funcionários que geriam os espaços.
“Me lembrou do abrigo colônia em Barbacena, que registrou casos que promoveram a reforma manicomial no Brasil. Retiramos da convivência quem não é aceito e simplesmente jogamos fora. É o caso do autista encontrado lá, que foi expulso e trancado como um bicho, simplesmente porque ninguém queria”, relatou o delegado responsável pela operação, Manoel Vanderic.
Já o pastor se apresentou às autoridades no último sábado (02) e, durante depoimento na delegacia, permaneceu calado.